23 de outubro de 2019 | 14h29
Superar limitações e se lançar em desafios inimagináveis é o objetivo do apresentador Fernando Fernandes, que luta diariamente para encarar as barreiras que a vida coloca para ele. Paraplégico desde um acidente de carro em 2009, o ex-modelo e esportista se empenha em superar as dificuldades como paratleta, e leva o público a sentir essas emoções no programa Além dos Limites, que estreia a segunda temporada nesta quarta, 23, às 22h, no Canal Off. Referência na paracanoagem, Fernandes fala ao Estado sobre a luta para ultrapassar as limitações impostas pela deficiência.
Sempre tive um sonho, uma vontade de remar em alto-mar, mas com barco de alto rendimento, o surfe ski. Mas, para isso, precisa de leme, que é feito no pé, não existe com a mão. Então, tive que desenvolver uma maneira, e fiquei durante anos tentando alternativas. Coloquei freio, tipo de bicicleta no remo com cabo no leme, mas, na hora de operar, quebrava. Até encontrar o Walter Inobu, que trabalha com engenharia, que me propôs fazer um leme via wi-fi. Era tipo um protetor de boca de boxe, com um joystick, eu dava o comando com a língua e o sinal era mandado para o motorzinho que ficava preso no leme, fazendo o trabalho que meu pé faria. Esse foi um processo de dois anos e meio.
Esse era mais um esporte que queria praticar, só que eu não tinha referência alguma, pois são poucas pessoas que fazendo o kite adaptado. Novamente tive de criar uma maneira de desenvolver uma forma diferente. O primeiro passo foi quando eu cheguei para o Gustavo Foerster, que foi o meu instrutor, e disse: ‘é muito importante eu entrar no seu mundo como kitesurfista para entender o que você está me passando, mas, se você não entrar no meu mundo e entender minhas limitações físicas, não vai conseguir me ensinar’. E foi nessa hora que um entrou no mundo do outro, que as coisas começaram a fluir.
Os obstáculos são contínuos e constantes, não param nunca. Só que eu passei a enxergar tudo isso como desafios para a minha vida. Passei a entender que cada barreira que ultrapasso é uma vitória pequena diária. Então, acho que me tornei um criador de oportunidades. Vi que não poderia me limitar ao que já existia, eu queria mais, queria voar, velejar, remar no mar, enfim, para isso precisei criar minhas fórmulas.
Quando estou velejando, eu me sinto o super-homem, numa mistura de capacidade com liberdade. Quando entro no mar, parece que estou meditando.
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