09 de dezembro de 2007 | 00h53
Há um panteísmo lírico que, volta e meia, irrompe no cinema de Walter Lima Jr. Anima Inocência, sua bela versão do romance do Visconde de Taunay, que o diretor realizou a partir de um roteiro de Lima Barreto - o diretor, não o escritor -, e A Ostra e o Vento, atração de hoje da TV paga.O filme trata do imaginário de uma garota que desperta para a vida. Busca uma linguagem poética, universal. A presença da natureza, a personagem da garota, o tema da sexualidade que quer romper as amarras da repressão, tudo é tratado com delicadeza. Há um sofisticado jogo de tempo.Alguns críticos identificaram em A Ostra e o Vento a influência de Luz Apagada, de Carlos Thiré, um dos filmes menos conhecidos da empresa Vera Cruz, nos anos 50. Mistério e magia impregnam a história de Marcela, que vive numa praia remota com o pai faroleiro e o ajudante dele. Para compartilhar sua solidão, ela cria um amigo imaginário e se considera amante do vento. Walter Lima Jr. fez um filme sensível nas suas metáforas, muito bem servido pelas presenças de Lima Duarte e Leandra Leal - ela, verdadeiramente excepcional.
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