
18 de outubro de 2017 | 17h15
Como “Game of Thrones: The Rock Musical — An Unauthorized Parody”, uma produção simples e espirituosa em cartaz no Theather Center, mira sobretudo nos fãs da série, é importante avisar de antemão que esse espetáculo simplesmente não pode refletir os efeitos especiais grandiosos, a infinidade de personagens secundários e a variedade de linhas narrativas da produção original da HBO.
Porém, quem nunca quis ver George R.R. Martin levando uma bronca por não ter completado a sua série de livros? Ou então descobrir o que realmente deve ter acontecido na noite de núpcias da Mãe dos Dragões?
Com um ritmo frenético, o espetáculo mistura um carinho profundo por “Game of Thrones” com um olhar satírico afiado. Nós temos um Hodor (Ryan Pifher) entrando e saindo de cena gritando seu nome em momentos aparentemente aleatórios; um Jon Snow (Zachary Evan Kanner, sósia de Kit Harington) com quem ninguém parece se importar — uma referência aos primeiros episódios da série; e uma Daenerys Targaryen e Khal Drogo (Mandie Hittleman e Ace Marrero) que rendem momentos cômicos com cenas de amor ao estilo Dothraki.
Todo o desenrolar do espetáculo é supervisionado por um pomposo e paternal Martin, que assume o papel de narrador, interpretado com maestria por Jay Stephenson.
O número de abertura, “Hello From Winterfell”, apresenta a nobre família Stark: Ned (o tenor Milo Shearer); sua esposa, Catelyn (uma imperiosa Delilah Kujala); e seus filhos, Arya (Meghan Modrovsky, como uma adolescente mal-humorada que faz raps), Sansa (Allison Lobel), Robb (Jeff Bratz) e Bran (Randy Wade Kelley, um dos vários atores que fazem mais de um papel no espetáculo).
O clã rival deles, é claro, são os Lannisters: a ambiciosa Cersei (Erin Stegeman, que tem um número solo serpentino), e seus irmãos, Jaime (Peter Berube) e Tyrion (Drew Boudreau, que não faz jus ao personagem imortal de Peter Dinklage).
Mesmo que “The Rock Musical” — dirigido por Steven Christopher Parker, com roteiro e música de Parker e Steven Brandon — adapte apenas as primeiras temporadas, ainda sim o espetáculo parece sobrecarregado e sofre com problemas estruturais, como captação de som e as limitações de espaço do teatro.
Mas a produção se beneficia imensamente com os figurinos absurdos de Katie Stegeman e também de um número silencioso, parcialmente a cappella, das principais atrizes: “Stronger”, que celebra a tradição de mulheres fortes da série. É um tributo que até mesmo um dragão conseguiria amar.
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