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Temporada de dança do Teatro Alfa é aberta

Iniciada hoje, 21, a programação ocorre em modelo híbrido: presencial e online

Por Fernanda Perniciotti
Atualização:
Fotos do espetáculo Dualidade, em cartaz no Teatro Alfa Foto: Fernanda Kirmayr

Ao público que aguarda anualmente a Temporada de Dança do Teatro Alfa, uma notícia: ela vai acontecer. Com uma estrutura enxuta e o Selo Safeguard,certificado de segurança em protocolos da covid-19 do grupo Bureau Verifas, o Alfa começou sua temporada ontem (21), com a São Paulo Cia de Dança (SPCD), que também se apresenta hoje), e nos dias 18, 19 e 20 de dezembro, o tradicional O Quebra-Nozes, da Cisne Negro Cia de Dança.

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O teatro reabriu no início do mês, com uma peça infantil, após 8 meses fechado e com programações estritamente online desde agosto. A sensação de retomada, para Fernando Guimarães, gerente do Alfa, tem gosto de estreia: “Esta retomada, para nós, tem tido a sensação e a expectativa de uma estreia, uma adrenalina correndo solta”, conta, em entrevista ao Estadão.

Com a crise da covid-19 e a necessidade de reestruturação da programação, um dos planos frustrados foi a vinda da companhia Cloud Gate Dance Theater, de Taiwan, que esteve no Alfa há seis anos, e retornaria agora, em 2020: “A expectativa por esse retorno era imensa, pela referência à Ásia. Eles têm outro tempo, outra relação com a religiosidade e a tradição em cena”, lamenta João Carlos Couto, o Janjão, consultor de programação do Alfa. Além do grupo de Taiwan, outra grande expectativa estava na obra Tristão e Isolda, coreografia da suíça Joelle Bouvier, com o Grand Théâtre de Genève.

A programação ocorre em modelo híbrido, presencial e online, formato que tem sido adotado mundo afora como estratégia de atrair um público que se mantém em isolamento. No entanto, a projeção é que o modelo não fique restrito à condição da pandemia, como aponta Fernando: “O modelo híbrido veio para ficar. Vai se aperfeiçoar como linguagem, porque precisa ser diferente de um espetáculo filmado; nós estamos experimentando, engatinhando”.

A experiência do público, no entanto, estará longe de ser a de “normalidade”, uma vez que, com capacidade de 1110 espectadores, o Teatro receberá um limite máximo de 315 pessoas. Com a crise, o Alfa teve, em relação ao previsto para 2020, uma queda de 80% das receitas e 50% das despesas. “Gostaria de enfatizar que só é possível atravessarmos esse período de crise graças aos nossos parceiros, Banco Alfa, Rede D’Or, Whirpool, Bain Company e Deutsche Bank, que, mais do que parceiros, foram nossos amigos e nos deram respaldo neste momento tão difícil”, afirma Fernando.

O objetivo em realizar a temporada, mesmo com as adversidades, foi manter o vínculo com uma parcela do público que frequenta o evento: “É principalmente a vontade de não perder o contato com o público que nós demoramos 18 anos para formar. Resolvemos fazer a experiência de reabertura, porque o teatro requer presença e o público é a faísca que faz a coisa pegar fogo”, explica Janjão. Ainda de acordo com o consultor, a escolha da programação se deu pela afinidade do Teatro com o trabalho das duas companhias, o fato de elas serem paulistanas – o que favorece os protocolos sanitários – e a necessidade de apoiar as companhias nacionais neste momento de dificuldade.

A programação acontecerá em modelo híbrido: presencial e online Foto: Wilian Aguiar

O programa da SPCD está composto por duas coreografias, Só Tinha de Ser com Você (2005), de Henrique Rodovalho, e Respiro (2020), de Cassi Abranches. Só Tinha de Ser com Você estreou com a Quasar Cia de Dança, dirigida por Rodovalho, e volta aos palcos 15 anos depois. A remontagem sofreu adaptações aos protocolos da covid-19 e também promete mudanças de adequação aos corpos dos bailarinos da SPCD.

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Respiro, a estreia do programa, tem como temática o momento de crise. “Quando convidei a Cassi, conversamos sobre a importância de continuar produzindo obras neste momento e que falassem no calor da hora. A pergunta disparadora aos bailarinos foi: o que te tocou e o que você traz para conversar com a gente neste momento de pandemia?”, conta Inês Bogéa, diretora da SPCD.

Cassi Abranches desenhou a composição junto ao músico Beto Villares. Com referências de Tai Chi Chuan, a ideia é que a coreografia seja “um intervalo do tsunami de notícias ruins que nos atingiu”, nas palavras da coreógrafa. Outra novidade é que, entre as coreografias, o público assistirá à projeção de outras duas: Dualidade (2020), de Mônica Proença e Jonathan dos Santos, e Objeto do Meu Próprio Desejo (2020), de Esdras Hernádez Villar.

As propostas de reabertura nas artes têm crescido entre museus, teatros e cinemas. Vale observar quais são as estratégias para dialogar e refletir junto ao público, já que a pandemia não acabou e, no Brasil, já soma 160 mil mortos.

Os ingressos para os espetáculos da SPCD custam R$ 100 (R$ 50 meia entrada) para o espetáculo presencial e R$ 30 para assistir online. Os preços são os mesmos paraO Quebra Nozes, exceto na versão online: R$ 40. Para comprar acesse: teatroalfa.com.br.

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