Teatro musical ganha sua associação

Associação dos Produtores de Teatro Musical surge como um elemento catalisador de um gênero que, no Brasil, já é um mercado consolidado

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Por Ubiratan Brasil
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Serão conhecidos, na manhã desta segunda-feira, 25, os finalistas da 4ª edição do Prêmio Bibi Ferreira, dedicado aos melhores do teatro musical encenado em São Paulo no ano passado. Mas, tão importante quanto a divulgação dos indicados em 19 categorias será o anúncio da criação de um órgão: a Associação dos Produtores de Teatro Musical.

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Inspirada na Broadway League, a poderosa associação dos produtores e donos de teatro de Nova York, a nova entidade surge como um elemento catalisador de um gênero que, no Brasil, já é um mercado consolidado, ainda que em constante evolução e transformação. Nos últimos 15 anos, surgiram gerações de atores, cantores, dançarinos e atividades específicas, como stage manager (o diretor geral de uma apresentação), ganharam profissionais capacitados. “Vivemos um momento importante e faltava uma associação”, comenta Marllos Silva, produtor, diretor e dramaturgo que, à frente da Marcenaria de Cultura, criou e organiza o Prêmio Bibi Ferreira.

Segundo ele, a ideia de se formar a associação surgiu durante o Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais, encontro que reuniu diversos representantes a fim de propor meios de transformar a cultura em prioridade pública do governo e promover uma agenda comum para o setor. “Discutimos muito sobre a Lei Rouanet e a forma injusta com que ela é demonizada”, conta Marllos. “E percebemos que éramos muitas pessoas brigando pelos mesmos motivos, mas lutando separadas. Assim, surgiu a ideia de se criar a associação.”

Nomes. Claudia Raia é uma das que devem estar na associação Foto: Silvana Garzaro/Estadão

A nova entidade ainda está em fase embrionária, com advogados apontando os caminhos legais para sua existência. Mesmo assim, as discussões já acontecem, ainda que tenha ocorrido uma reunião completa, com todos interessados presentes. A lista, porém, já existe e reúne grandes nomes do musical do Brasil, como a atriz e produtora Claudia Raia, Stephanie Mayorkis, da IMM, Almali Zraik, da Caradiboi Arte e Esportes, Carlos Antonio Cavalcanti, do Atelier de Cultura, Ju Daude e Fábio Oliveira, da Maestro Entretenimento, entre outros. A expectativa é de que a quantidade aumente, graças ao interesse já revelado por outros produtores, inclusive profissionais de outras regiões, como o Rio de Janeiro.

Segundo Marllos, boa parte dos componentes deverá ser apresentada durante a cerimônia de premiação do Bibi Ferreira, prevista para o dia 20 de setembro, no Teatro Santander. “Essa será a primeira edição do prêmio que vai contar com um patrocínio”, observa Marllos, mostrando que o mercado se consolida e, ao mesmo tempo, o Bibi Ferreira se firma como referência nacional.

Os números, de fato, são animadores. Em 2015, por exemplo, mais de 3.200 vagas de emprego direto foram criadas graças às diversas montagens de musicais que ocuparam espaços em São Paulo. “Hoje, existe uma mão de obra qualificada e, com o aumento de produções, mais teatros capacitados para receber musicais estão surgindo na cidade”, conta Marllos.

Segundo um levantamento feito pela produtora Bravart Entretenimento, o público estimado do ano passado foi de 1,1 milhão de pessoas, enquanto que em 2014 as peças atingiram 1,3 milhão. A estimativa de público foi feita considerando uma ocupação média de 70% nas sessões. As maiores temporadas mantiveram-se em São Paulo (1º lugar) e no Rio de Janeiro (2º lugar), mas a análise mostrou o crescimento da importância das turnês em Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Recife.

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“Os números mostram o fôlego do mercado brasileiro de musicais, que conseguiu sustentar a quantidade de estreias apesar da retração de 3,8% do PIB no período. Um dos fatores preponderantes para este resultado, sem dúvida, é o impacto das leis de incentivo, que ajudam nas produções”, ressalta Alvaro Real, sócio-fundador da Bravart. De acordo com o levantamento, no ano passado, foram apresentadas 25 novas produções, das quais 15 (60% do total) eram criações nacionais.

“Atualmente, não é possível montar um musical sem o auxílio das leis de incentivo”, garante Marllos Silva, ressaltando que, com a crise econômica, as produções foram obrigadas a se adequar aos reduzidos investimentos.

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