Stella Maria Rodrigues assume papel de Susana Vieira no musical 'Barbaridade'

Atriz veterana contundiu o pé e precisou ser substituída às pressas pela produção

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Por Ubiratan Brasil
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O musical Barbaridade estreia sexta-feira, 17, no teatro Sérgio Cardoso, bem modificado depois de sua bem sucedida temporada carioca. Uma de suas principais estrelas, a atriz Susana Vieira, não poderá estar no palco depois que uma contusão no pé, na semana passada, vai deixá-la ao menos 60 dias em recuperação. Sua substituta será Stella Maria Rodrigues, veterana atriz de musicais. Susana, no entanto, que se empenhou muito pelo espetáculo, participará por meio de imagens em vídeo e áudio.

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“Quero aparecer até em espelhos, como faz a bruxa má para Branca de Neve”, divertiu-se a atriz em conversa com o Estado na sexta-feira, depois de uma semana complicada. “Adoro fazer esse musical e não cumprir a temporada paulista é muito doloroso.” Susana contundiu-se na segunda-feira passada, durante uma aula de dança. Confirmada a impossibilidade de continuar no musical e até mesmo de gravar cenas para a próxima novela das 9, Regra do Jogo, a atriz chorou muito.

Com tempo curto, a produção de Barbaridade logo encontrou alguém com experiência em musicais, Stella Miranda, que protagonizou A Madrinha Embriagada. Um sério problema com a filha que mora em Paris, porém, a obrigou viajar rapidamente para Paris.

O musical Barbaridade chega a São Paulo com Osmar Prado,Stella Maria Rodrigues,Edwin Luisi e Marcos Oliveira Foto: Rafael Arbex / ESTADAO

Diante de um novo impasse, os produtores até cogitaram de Susana interpretar sentada em uma carreira de rodas, inusitada solução já utilizada na Broadway, mas, apesar da disposição da atriz, seu médico vetou.

Retomando as conversas, os produtores acertaram com Stella Maria Rodrigues, recém saída de Agnaldo Rayol – A Alma do Brasil, musical que estava em cartaz no Rio e no qual comprovou sua versatilidade ao roubar a cena durante dez minutos, quando interpretava Hebe Camargo. Os ensaios, intensos, começaram no sábado e, agora, cada minuto é precioso. “Tenho experiência em situações extremadas como essa”, contou Stella. “Também entrei no final da temporada de Cazuza, interpretando Lucinha Araújo.”

É graças ao talento e à habilidade em encontrar o fio da meada de seus personagens que convenceram Stella a aceitar tamanha empreitada. “Decidi que, primeiro, iria decorar todas as falas, que são muitas, e observar as marcações em cena. Claro que não vou repetir a atuação de Susana, pois seria absurdo. Aos poucos, vou encontrar minha versão da personagem”, disse.

Sábia decisão, pois Daniela Gordon, a implacável produtora de teatro que encomenda um texto para três veteranos autores, ganhou contornos da própria Susana Vieira, a ponto de ser várias vezes aplaudida em cena, especialmente quando cantava uma paródia a Malandragem, canção de Cazuza e Frejat, em que brincava com a obsessão pela eterna juventude. “Alguns críticos disseram que eu interpretava a mim mesma, mas era isso o que o público queria”, desdenha a atriz que, ao final de cada apresentação, era esperada por uma legião de fãs na porta do teatro.

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Agora, de fato, Susana aparecerá como ela própria. Neste fim de semana, Rodrigo Nogueira (responsável pelo texto final do musical, a partir dos argumentos de Luis Fernando Verissimo, Ziraldo e Zuenir Ventura) se debruçou sobre a peça para acrescentar as cenas em que a atriz surge em vídeo. Ao mesmo tempo, Stella iniciou o processo de adaptação, em que contou com o auxílio valioso do trio de veteranos protagonistas formado por Osmar Prado, Edwin Luisi e Marcos Oliveira.

Eles vivem os autores contratados para escrever um musical sobre a terceira idade, sem nada entender do assunto. Diante de um bloqueio criativo, o trio recebe a visita de Matusalém (Thais Belchior), o personagem mais velho do mundo, que vai ajudá-los na missão. A experiência de interpretar um musical vem sendo vivido de formas distintas por eles.

“Nunca tinha feito um musical, apesar de ter uma carreira diversificada e de gostar de intercalar dramas com comédias”, conta Luisi, de 68 anos. “No começo, sofri muito, cheguei a acreditar que não conseguiria superar os limites impostos por esse tipo de espetáculo. Aos poucos, fui entendendo sua engrenagem e, como gosto de textos espirituosos, descobri a chave para unir canto, dança e interpretação.”

Depois de 14 anos vivendo o personagem Beiçola em A Grande Família, Marcos Oliveira sofreu menos ao estrear no musical pois já faz shows como crooner. “Aliás, só pensarei em convites para musicais, especialmente como esse que mostra como é a vida e como podemos chegar à terceira idade de uma maneira produtiva, deixando de lado os preconceitos ainda fortes em nosso País.”

Do trio, o mais tarimbado no gênero é Osmar Prado. “Fiz vários, como Quem Casa Quer Casa, entre outros”, diz o ator de 67 anos, que também dirigiu Delírio, Poema Musical. “Descobri que os diálogos são pretexto para mostrar que se deve cantar como se estivesse falando.”

História traz toque pessoal de Zuenir, Verissimo e Ziraldo 

Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e Ziraldo, autores do musical Barbaridade Foto: Reprodução

Barbaridade nasceu de um convite feito pela produtora Aniela Jordan, da Aventura Entretenimento, ao jornalista Zuenir Ventura: que tal escrever um musical sobre a velhice? "Eu tinha duas opções: fugir correndo ou pedir socorro", brinca Zuenir, que optou pela segunda opção e convidou dois amigos de longa data, Luis Fernando Verissimo e Ziraldo, que toparam na hora.

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Apesar de inexperientes nesse “ménage à trois que envolvia humor e canções”, eles alinhavaram uma série de situações sobre o tema que foi depois devidamente adequado à estrutura de um musical por Rodrigo Nogueira. A profusão de ideias aparentemente desconexas criadas pelos escritores serviu como ponto de partida para Nogueira criar a história dos três veteranos que sofrem para entregar um texto encomendado por uma produtora.

Os bons ouvintes conseguirão distinguir, no resultado final, a toque pessoal, ainda que disfarçado, de cada um, seja o humor fino de Verissimo, o escrachado de Ziraldo ou o elegante de Zuenir. “Com Barbaridade, pretendemos acabar, nem que seja por alguns minutinhos, com essa tristeza de desvalorizar o velho”, comenta Nogueira.

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