'Se Eu Fosse Você' inaugura uma nova fase do musical brasileiro

Espetáculo conta com o brilho das atuações de Claudia Netto e Nelson Freitas em uma trama com lances originais

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Por Ubiratan Brasil
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Com o Brasil se consolidando como um país apto a realizar praticamente qualquer musical estrangeiro – é cada vez maior o número de intérpretes capazes de cantar, dançar e interpretar com profissionalismo –, o próximo passo é instituir uma lista de criadores potencialmente hábeis para montar espetáculos nacionais.

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O primeiro passo, ainda que tortuoso, foi a linha de montagem que se criou em torno de figuras célebres – biografias (notadamente de figuras musicais) ocuparam os palcos, revelando detalhes da vida e obra de notáveis como Elis Regina, Tim Maia, Cazuza, Cássia Eller. A alternativa, no entanto, promete ser passageira, pois se esgota com facilidade e ainda permite o surgimento de espetáculos com intérpretes excelentes, mas de sofrível produção.

É nesse contexto que surge como bem-vindo Se Eu Fosse Você – O Musical e sua disposição de criar uma dramaturgia fictícia. É certo que o ponto de partida são os dois longas-metragens dirigidos por Daniel Filho, e a trilha é formada unicamente por conhecidas canções de Rita Lee. Mas as soluções cênicas encontradas por Flávio Marinho (autor do texto) e Alonso Barros (direção e coreografia) transformam o trabalho em um produto plenamente original.

Ambos se basearam em um importante ponto de partida: mais que fácil comicidade provocada pela troca de sexos (para quem não se lembra da trama, em um determinado dia, marido e mulher subitamente assumem o corpo do outro), o interesse é mostrar a importância do entendimento entre os sexos. Nesse caso, a força do espetáculo está justamente na descoberta de Cláudio ocupar um delicado corpo feminino e Helena desvendar as truculências no do marido.

E o efeito só é plenamente produzido graças às atuações do par de protagonistas. Intérprete consagrada do musical brasileiro, com uma voz potente e, ao mesmo tempo, delicada, Claudia Netto acentua ainda seu talento para a comédia, compondo um marido machão sem resvalar na grosseria. Já Nelson Freitas calibra com incrível eficiência seu humor escrachado, rasgado, sem deixar que sua porção feminina seja uma caricatura. É preciso se lembrar ainda de Fafy Siqueira e Osvaldo Mil, impagáveis como a avó e o amigo de Cláudio.

SE EU FOSSE VOCÊ

Teatro Cetip.Rua dos Coropés, 88, Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, 2245-1900. 5ª e 6ª, 21 h; sáb., 17 h e 21 h; dom., 17 h. R$ 50/ R$ 110. Até 14/12.

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