Pequeno Teatro de Torneado inaugura complexo cultural no ABC

Com 80 mil m², Sítio Cultural Alsácia localizado em Ribeirão Pires vai oferecer cursos de teatro e formação artística para jovens

PUBLICIDADE

colunista convidado
Por Leandro Nunes
Atualização:

Foi no Parque Infantil que o pequeno Marc Strasser construiu boa parte de suas memórias de infância. Agora batizado de Charles Schulz, o espaço integra os mais de 80 mil m², localizado em Ribeirão Pires, no meio da Serra do Mar e rodeado pela águas da Represa Billings. Nesse sábado, 2, o Pequeno Teatro de Torneado inaugura o Sítio Cultural Alsácia, em parceria com Strasser.

PUBLICIDADE

O sonho era antigo. Fundado em 2005, o coletivo dirigido por Willian Costa Lima trabalha na formação artística de jovens de comunidades da periferia. Ele conta que a experiência de uma década desembocou no desejo de manter um espaço permanente para imersão nas artes em contato com a natureza. “Foi quando conheci o Marc e compartilhei a ideia. A família dele foi assistir um espetáculo meu e ofereceu o sítio para tocarmos o projeto.”

Durante pouco mais de um ano, a dupla buscou compreender a geografia do lugar e como o teatro poderia se relacionar com o meio ambiente. Além do Parque Infantil, o sítio engloba uma casa de cultura que reúne uma sala de espetáculos, residência para artistas e escritório de produção, além de uma pousada para até 15 pessoas. “Aqui, teremos condições de abrigar temporadas de espetáculos e hospedar artistas e parte do público”, conta Lima.

Despertar. Montagem de 2008, ‘Primavera’ mergulha na obra do alemão Frank Wedekind Foto: Thais Moura

No lado externo, há um bosque com clareira, cercada por pinheiros, destinada à realização de grandes montagens e ensaios abertos, e bistrô. O primeiro espetáculo em cartaz será Primavera – a montagem de 2008 do coletivo é uma recriação do Despertar da Primavera, do alemão Frank Wedekind. Em fevereiro desse ano, o grupo apresentou essa e outras cinco montagens do repertório criado em ações pela periferia, como Peter em Fúria (2014) e O Girador (2012), muitas delas em real situação de perigo. “Por vezes, havia embates entre traficantes e a polícia nas comunidades e era preciso cancelar ensaios e temporadas.” Lima explica que o sítio vai centralizar a criação e manutenção de projetos e dar suporte para o trabalho desenvolvido em campo.

O sítio ainda não está completo. Nos próximos meses, o antigo canil será adaptado em um estúdio para criação e gravação de trilhas sonoras. O bosque ganhará pequenos palcos espalhados para às aulas de dança livre. Outra preocupação do projeto é se tornar referência de cultura e artes na região. Lima explica que planeja firmar parcerias com instituições ligadas à preservação do meio ambiente – o sítio ocupa uma área protegida de manancial – e turismo. “São ações que vão atrair o olhar de diversos públicos, não apenas artistas.”

Para manter o sítio sempre aberto à população, Lima organiza ações de carona solidária e prevê a aquisição de ônibus para o deslocamento de pessoas. O comprometimento com a empreitada ganhou fôlego com a recente indicação do Pequeno Teatro de Torneado ao Prêmio Shell de Teatro na categoria Inovação, no qual destacou a formação de jovens na linguagem teatral e o compartilhamento dos resultados em diferentes espaços de São Paulo. “Vou confessar, eu estava torcendo para não ganhar”, conta Lima. “Estamos apenas começando, são projetos jovens. Queremos amadurecer e fazer mais.”

Na programação de cursos desse ano, estão Teatro e Oralidade e Dança e Sonoridades. O sítio também prevê residências com companhias e realização de festivais e mostras de artes.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.