PUBLICIDADE

Peça 'Urgente', da Luna Lunera, quer distinguir as verdadeiras ansiedades

Montagem da companhia mineira segue em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Em comemoração aos 15 anos de atividade, a premiada Cia. Luna Lunera apresenta, no CCBB-SP o espetáculo Urgente, peça criada em parceria com o grupo carioca Areas Coletivo de Arte, com direção de Miwa Yanagizawa e Maria Sílvia Siqueira Campos.

O novo trabalho teve como ponto de partida a reflexão sobre as delicadas relações do homem contemporâneo quanto à instantaneidade da vida. A peça procura distinguir as verdadeiras urgências e ansiedades pessoais e coletivas em relação ao tempo que nos atropela.

Cinco pessoas e seus cotidianos ordinários Foto: Carol Thusek|Divulgação

PUBLICIDADE

Depois das temporadas nas unidades do CCBB em Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, o grupo encena seu sétimo espetáculo, num cenário composto por quatro nichos de 1m². Na trama, cinco personagens – vividos pelos atores Cláudio Dias, Isabela Paes, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves e Zé Walter Albinati – convivem em ambientes do cotidiano, como uma sala de costura ou escritório, e apresentam um enredo ficcional que se revela aos poucos e se relaciona com retrospectivas da vida dos próprios atores.

“O tempo passa e as urgências ficam; as urgências têm essa natureza de se acumularem e acabar soterrando prioridades, desejos. A gente optou por partir das urgências próprias, das histórias de vida de cada um, enfim do seu olhar para o mundo. Era muito comum que cada ator trouxesse sua urgência e disponibilizasse como matéria prima para o trabalho. Assim, a peça faz esse trânsito entre o ator e o personagem ao contar fragmentos das histórias dessas pessoas que coabitam um espaço mínimo e cheio de rachaduras,” explica a diretora Miwa Yanagizawa.

O espetáculo trata também do sentimento comum hoje em dia da aceleração do tempo. “Essa foi outra matéria prima do trabalho, que o tempo passa cada vez mais rápido e, consequentemente, estamos sempre adiando o que deveria de fato ser feito. Somos atropelados por essas urgências que a sociedade, que o mundo e que o outro nos impõe”, analisa o ator Marcelo Souza e Silva. 

Como nos trabalhos anteriores, em Urgente a Cia. Luna Lunera investiu em caminhos diversificados de criação, por meio de pesquisa continuada e diálogo com outros criadores contemporâneos. O processo criativo da peça contou com a interlocução dramatúrgica do escritor Carlos de Brito e Mello e da atriz Liliane Rovaris, que realizaram uma conexão entre a literatura, a filosofia e a poética das cenas.

“Quando a gente fala da nossa vida, ela já é profundamente narrativa; mesmo quando temos uma brutal certeza da realidade, dos acontecimentos. Os acontecimentos só podem existir na medida em que a gente pode falar deles”, argumenta Carlos de Brito e Mello.

Publicidade

Uma novidade do novo espetáculo é a participação da banda Constantina, grupo instrumental de Belo Horizonte de forte caráter investigativo e experimental, que criou a trilha sonora especialmente para a peça.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.