Peça 'As Criadas' tem temporada prorrogada em São Paulo

Montagem com Clara Carvalho, Denise Weinberg, Emília Rey, com direção de Eduardo Tolentino fica até o dia 26 de abril na capital

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Por Ubiratan Brasil
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O espetáculo As Criadas, do francês Jean Genet, com Clara Carvalho, Denise Weinberg e Emília Rey e direção de Eduardo Tolentino, do Grupo Tapa em cartaz no Teatro da Aliança, em São Paulo, teve a sua temporada prorrogada até o dia 26 de abril.

Ladrão, homossexual, diversas vezes encarcerado, o escritor francês Jean Genet (1910-1986) conheceu como poucos a danação da alma e a transformou em literatura de primeira qualidade, a ponto de o pensador Jean-Paul Sartre avalizá-la como grande arte.

Diretor Eduardo Tolentino e as atrizes Clara Carvalho, Emilia Rey e Denise Weinberg (sentido horário) Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

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"Genet é muitas vezes montado apenas com a valorização de seus clichês, como dominação entre classes, homossexualismo", comenta Tolentino. "Ele era capaz de transformar em manifesto sentimentos que estavam latentes e, com isso, propõe um jogo de espelho que deflagra diversos tipos de relação, como no trabalho, que é o caso de As Criadas."

Encenada pela primeira vez em 1947, em Paris, As Criadas acompanha duas empregadas, Solange e Clara, que, a sós, representam e ensaiam o assassinato da patroa, a Madame. A brincadeira é levada ao limite da perversidade, a ponto de provocar a prisão do amado de Madame.

Tornar-se algum outro. Tornar-se um outro para se reconhecer, e flagelar-se e fracassar, é um processo existencial triste e lamentável em As Criadas, que foi inspirada na história real das irmãs Christine e Léa Papin, domésticas que brutalmente assassinaram seus patrões, em 1933, na França. Em seu texto, Genet trata da atuação como maneira de ser, e de ser como nada.

O escritor francês queria que As Criadas fosse encenada por homens para enfatizar a distância entre a auto percepção de uma pessoa e o olhar dos que a veem. Mas, segundo Tolentino, atualmente os direitos autorais são negociados com uma cláusula que impede a escalação de um elenco masculino. Ao contrário de ser um empecilho, tal obrigação caiu como uma luva para que o encenador marcasse de forma estupenda sua volta ao Aliança Francesa - ele pode convocar três atrizes com quem trabalhou no Tapa naquela fase dourada: Clara Carvalho, Denise Weinberg e Emilia Rey.

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