Núcleo celebra 20 anos com ‘Fluxo Invisível’

Água inspira novo espetáculo do grupo Omstrab, que também se dedica à formação de público em teatros de bairro

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Por Helena Katz 
Atualização:

Show de lançamento de um CD com as canções criadas para seus espetáculos; um documentário sobre o seu percurso; uma exposição com fotos, figurinos e vídeos; um livro com depoimentos, entrevistas e fotos; e, por fim, um espetáculo novo, Fluxo Invisível. É com uma série de atividades que o Núcleo Omstrab comemora 20 anos de carreira no Centro Cultural São Paulo. 

Núcleo OMSTRAB faz 'Fluxo Invisível' Foto: Gal Oppido / Divulgação

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Fluxo Invisível, que pode ser visto nesta sexta (16) e sábado (17), às 20h, e no domingo, às 19h, surgiu de uma aproximação entre a recente crise hídrica que a cidade de São Paulo viveu e a presença da água no corpo humano, explica Fernando Lee. Fundador do Núcleo Omstrab, ele concebe, dirige, produz e atua em cada um dos 11 espetáculos que compõem o seu repertório. “Estamos em uma cidade cheia de rios, riachos e nascentes que foram concretados na construção de vias como no Anhangabaú e as avenidas Sumaré e 9 de Julho, entre outros lugares. Também existe a questão da água que predomina na formação do próprio corpo e está presente no sangue, lágrima, leite materno, em todo o lugar. Um mapa de fisiologia humana está muito mais próximo de um mapa hidrográfico do que pensamos”.

A companhia vem construindo um perfil muito particular com o seu modo de experimentar as relações do movimento com a música, que é sempre ao vivo e criada para cada obra. Dança e música são trabalhadas nas suas especificidades e a busca é por promover o que Fernando Lee chama de “integração das linguagens em um espetáculo múltiplo”. Não à toa, seus elencos sempre são estimulados a tocar um instrumento, interpretar, cantar e, é claro, dançar. Parece a receita tradicional de um musical, mas a sua busca é por desenvolver um “musical brasileiro”. 

O nome do Núcleo, OMSTRAB, vem de “homens trabalhando”, que era o assunto da sua primeira montagem cênica, com esse mesmo título, mas escrito apenas com a primeira letra maiúscula (Omstrab). Apresentava operários da construção civil em um canteiro de obras e já era um embrião do interesse que pavimentaria o seu caminho: a invenção de uma dramaturgia que misturava música, canto, dança, personagens e cidade. Foi apresentado na Bienal de Lyon de 1996 (ano da sua fundação), que ficou conhecida como a “Bienal brasileira”. De lá para cá, o elenco deixou de ser somente masculino.

Para criar Fluxo Invisível, que tem figurino assinado por Adriana Vaz Ramos, fizeram pesquisa de campo no Parque Nascentes do Tietê, em Salesópolis, e no Porto de Pereira Barreto, na foz do Rio Tietê, dentre outros locais. A iluminação foi concebida por Marisa Bentivegna e no elenco estão Alex Martins, Fernando Lee, Pedro Peu, Rossana Boccia, Thais Diniz, Thiago Duar e Vagner Cruz. O vídeo, criado por Daniel Lins, tem direção de arte de Rodrigo Araújo. 

Para além da produção artística, o OMSTRAB também vem se dedicando a um trabalho didático voltado para a formação de público em teatros de bairro, nos CEUs, nas Casas de Cultura, em espaços públicos e universidades. 

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