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Musical 'Nautopia' vai tratar de sonhos e redenção do passado

Escrito e dirigido por Daniel Salve, espetáculo estreia em 1º de abril no novo Teatro B32

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Em 1990, no início do governo Collor, foram confiscados os valores aplicados em todos os tipos de investimentos feitos pelos cidadãos, o que levou muitas pessoas ao desespero e até ao suicídio. Algumas, porém, tiveram a sorte de sacar o que tinham um pouco antes, salvando as economias. É o que acontece com João que, sentindo ali uma premonição, decide aplicar o dinheiro na construção de uma comunidade onde a esperança sempre persistiria.

Esse é o ponto de partida de Nautopia, musical de Daniel Salve que estreia no dia 1.º de abril, inaugurando a temporada de espetáculos do novo e moderno teatro B32, localizado na Avenida Faria Lima, em São Paulo. A venda de ingressos começa nesta quinta-feira, 3, pelo site teatrob32.com.br

O diretor e autor Daniel Salve, que escreveu o musical 'Nautopia', que estreia no novo Teatro B32 Foto: Caio Gallucci

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“Há alguns anos, tive o sonho de um musical que se chamava Nautopia – não tinha detalhes, apenas que era uma narrativa marcada por fantasias e redenção de um passado”, conta Salve que, àquela época, 2017, ainda não tinha certezas do rumo do espetáculo. “Sabia apenas que era a história de uma comunidade à beira-mar. E não em área de calor, mas de frio.”

Pesquisando no mapa, começou a subir desde a região polar até descobrir, na região de Palhoça, em Santa Catarina, um lugar chamado Vale da Utopia. Acessado apenas por trilhas, o local oferece um convidativo gramado, pedras exuberantes e mar de águas cristalinas. “Há vários anos, era conhecido por comunidades hippies que viam lá um importante ponto energético”, explica Salve que, encantado com a coincidência, começou a investigar o lugar.

Descobriu, por exemplo, Vilmar, um homem que vive em uma gruta há mais de 30 anos e é considerado o guardião do Vale. “Ele levemente inspirou uma das minhas personagens, Zara.”

O ator Beto Sargentelli com oelenco do musical 'Nautopia', de Daniel Salve Foto: Caio Gallucci

Cantor, compositor, arranjador, produtor e, se precisar, novamente ator, Salve percebeu que tinha uma pepita nas mãos, bastava lapidar. Começou, então, a promover workshops, nos quais não apenas desenvolvia as diversas camadas da história que começava a escrever como também agregava artistas que se tornariam essenciais ao projeto.

Como o ator Beto Sargentelli e o produtor Alexandre Bissoli, hoje intimamente associados ao trabalho. “As composições do Daniel são lindas e rebuscadas, de um grande refinamento”, conta Sargentelli, um dos principais intérpretes do musical nacional. “E a construção do texto só alimentou o processo da parceria”, completa Bissoli.

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Sargentelli vive Tomás, rapaz que vive em Paraty nos dias atuais, mas que ainda se sente preso ao Vale, onde nasceu. “Há nele uma inquietação que também me domina, sobre as heranças que ambos carregamos e sobre as incertezas sobre onde estamos e para onde devemos ir”, conta ele, que lidera um elenco com outros 23 atores (além de dois substitutos). “E o que me estimula é o fato de eu ser o primeiro a criar esse personagem, uma vez que o espetáculo é inédito.”

Thomas More (1478-1535), autor de 'Utopia',em pintura de Hans Holbein, de 1527 Foto: Frick Collection/New York

O nome do personagem é uma homenagem ao inglês Thomas More (1478-1535), autor do célebre romance filosófico Utopia (1516), palavra grega que significa “lugar nenhum”. “E o musical trata de um sonho em busca de um lugar que nem todo mundo enxerga”, justifica Salve. A volta de Tomás ao Vale da Utopia vai fechar uma série de mistérios que envolvem moradores locais, especialmente os da sua família e de amigos mais próximos. Histórias ainda mal explicadas como a morte de João (Max Grácio) no mar. E o ponto central na resolução dessa trama é Rocha, que foi também um dos pioneiros a viver no Vale e cuja relação com os demais esconde um grande segredo. Quando jovem, o personagem é vivido com garra por Bruno Vaz e, já na fase atual, o papel é assumido por Jonathas Joba, ator de raro talento, forte presença em cena e cuja ausência do palco já era sentida.

O produtor Alexandre Bissoli (E), o ator Beto Sargentelli e o autor e diretor Daniel Salve, que estão na produção do musical 'Nautopia' Foto: Caio Gallucci

O elenco, aliás, é heterogêneo, com sotaques de todas as regiões do Brasil, ainda que todos tivessem se adaptado à melodia catarinense, com seu S ligeiramente puxado. Assim, ao lado de Eline Porto, cuja experiência reforça a dramaticidade da história no papel de Selena, há a jovem Sofia Savietto, dona de uma voz poderosa e que torna enigmática a figura da jovem Clara, a narradora do espetáculo.

“É uma trama carregada de significados, camadas que aos poucos são apresentadas ao público”, conta Salve. “E Tomás representa a utopia de uma pessoa que perdoa o imperdoável, atitude cada vez mais rara atualmente.”

O elenco se completa com Gabriel Camilo, José Dias, Bia Anjinho, Yudchi Taniguti, Aurora Dias, Neusa Romano, Nani Porto, Elá Marinho, Dara Galvão, Luana Zehnun, Nina Vettá, Rafael de Castro, Bel Nobre, Fernando Lourenção, Daniella Biancalana, Alessandro Balbi, Gabriela Gonzales e Daruã Góes.

SERVIÇO Nautopia

Estreia dia 1º de abril e cumpre temporada até 29 de maio, no Teatro B32 (Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3732). Ingressos já à venda, por preços que vão de R$ 50 (meia) a R$ 220 (inteira).

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