Mostra francesa traz panorama da dança contemporânea ao Brasil

Pela primeira vez em sua trajetória, France Danse coloca 16 companhias em circulação por 15 cidades brasileiras

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Por Leandro Nunes
Atualização:

É na tensão entre corpo e tecnologia que o coreógrafo Mourad Merzouki compõe seu inventivo hip hop. Há 20 anos, o francês mantém os caminhos abertos para cruzar com linguagens e artistas diversos. Foi assim em 2006, quando concebeu o espetáculo Agwa, com bailarinos cariocas, durante a Bienal de Dança de Lyon, em 2006. A parceria se estendeu, e Merzouki estreou Käfig Brasil.

Em Pixel, seu mais recente trabalho, o coreógrafo coloca os bailarinos para dançar em cima de malhas e interagir com objetos virtuais. O espetáculo estará na programação do France Danse 2016, uma seleção de companhias francesas que vai circular entre 15 cidades brasileiras a partir dessa quinta, 18.

Pixel. Espetáculo de Mourad Merzouki mescla coreografias em um palco interativo e virtual Foto: Laurent Philippe|Divulgação

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A tecnologia também perpassa o trabalho da coreógrafa Maguy Marin, que estreou em 2014 o espetáculo BiT. Inspirado no termo que se refere a unidade de medida da informação, o trabalho da francesa compõe uma dança alegre e, ao mesmo tempo, desesperada. A montagem tem como estrutura as antigas danças coletivas, que trata desde os ritos de amor até rituais macabros e que serão pautados pelos beats da música techno.

A não dança de Jérôme Bel também está presente na programação com The Show Must Go On (2011), no qual o coreógrafo coloca 20 bailarinos para dançar sucessos dos últimos trinta anos escolhidos por um DJ.

De maneira semelhante, Gala (2015) cria um lugar pacífico para que sucesso e fracasso existam. Nele, bailarinos profissionais e amadores dançam juntos e executam passos de acordo com suas habilidades e limites. “São linguagens que concentram um recorte do que há de mais interessante na dança contemporânea francesa”, afirmou o coordenador geral João Carlos Couto Magalhães. Esse olhar também acompanha as nacionalidades dos coreógrafos. “Temos representantes de outros países, como Costa do Marfim, que produzem trabalhos na França”, disse ao citar o espetáculo Quartiers Libres, da marfinense Nadia Beugré. Sua performance explora o conceito de espaços proibidos e como eles se confundem com espaços de expressão, e revelação.

A mostra ainda vai realizar um seminário no Centro de Referência da Dança, em São Paulo, sobre dança barroca, e que pretende resgatar o contexto histórico da expressão.

Haverá também o Ida-E-Volta: Dança Brasil-França, uma série de encontros entre pesquisadores de 11 universidades, promovido no Teatro Sérgio Cardoso, entre os dias 18 e 20 de outubro, e durante a Bienal Internacional de Dança do Ceará, em 20 e 24 de outubro.

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FRANCE DANSE 2016. Vários locais. De 18/8 a 15/11. Mais informações no link: http://www.ambafrance-br.org/-FranceDanse-Brasil-2016

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