Milton Gonçalves não assumirá o cargo de presidente do Teatro Municipal do Rio

'Cada um escolhe o que é melhor para si', afirmou o ator

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - O ator Milton Gonçalves, que há duas semanas foi anunciado novo presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio, não irá assumir o cargo. A Secretaria Estadual de Cultura informou nesta terça-feira, 7, que a decisão foi tomada porque ele é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão consultivo da Presidência da República, desde o ano passado, e o acúmulo da função de presidente do Municipal configuraria "conflito de interesse". O nome do ator havia gerado controvérsia no meio erudito.

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"Não aconteceu nada demais. Eu sou membro do conselho há algum tempo, e não acordei que não poderia estar nos dois ao mesmo tempo, porque a lei não permite. O erro foi meu. Cada um escolhe o que é melhor para si", disse Milton à reportagem do Estado, que lhe perguntara por que, entre as duas opções, ele ficou no conselho, e não no Municipal. "Eu me dou muito bem com o secretário (André Lazaroni, que irá se dividir entre o cargo e a presidência do teatro, recebendo apenas o salário referente ao primeiro) e com todos. Não há conflito algum. Não cheguei a ser nomeado, estava ainda me informando das coisas."

Segundo a secretaria, o Conselho recomendou que Milton não assumisse "cargos de direção em espaços culturais", pois isso seria incompatível com o fato de ele ser conselheiro e "com a influência de Milton junto à classe artística". Lazaroni, procurado pela reportagem, não deu entrevista. Em nota, disse: "Quero conduzir o trabalho privilegiando o diálogo com todos os setores do teatro. Um fator determinante para minha decisão foi propiciar uma economia na folha de pagamento, repassando a quantia que seria destinada ao salário do presidente do teatro para qualificar remuneração da equipe técnica, já que nosso Estado atravessa na atualidade uma crise de grandes proporções".

"Não aconteceu nada demais. Eu sou membro do conselho há algum tempo, e não acordei que não poderia estar nos dois ao mesmo tempo, porque a lei não permite. O erro foi meu. Cada um escolhe o que é melhor para si", disse Milton à reportagem do 'Estado'. Foto: Fabio Motta/Estadão

Na nota, a pasta informou que o diretor de óperas André Heller-Lopes, professor da Escola de Música UFRJ e que foi coordenador da área de ópera da prefeitura do Rio de 2003 a 2008, será o novo diretor artístico do Municipal, o número 2 da casa. É um nome que deve ser bem recebido pelo universo erudito, que havia reagido com surpresa ao de Milton. Isso porque o ator não tem experiência de gestão, tampouco familiaridade com as vocações do teatro: ópera, balé e música de concerto. Lazaroni afirmou na nota que Heller-Lopes terá "toda a liberdade de criação, dando acesso a todos os públicos, incluindo o popular e o nacional".

No dia 23 de fevereiro, após ser anunciado novo presidente do teatro, Milton rebateu as críticas, dizendo que estava apto para a tarefa. Na ocasião, também foi criticada a possibilidade de a escolha do ator por Lazaroni ter intenções políticas - ambos são filiados ao PMDB, partido também do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Tanto Lazaroni quanto Milton rechaçaram a inferência.