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'Menopausa – O Musical' busca desmistificar a fase em que a mulher se considera mais velha

Espetáculo retrata, com bom humor, o momento da descoberta

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

O termo é científico e provoca calafrios na maioria das mulheres – afinal, menopausa indica o fim dos períodos menstruais o que, para muitas pessoas, é o primeiro sinal mais evidente da chegada da velhice. Em Menopausa – O Musical, que estreia no dia 10 de agosto no Teatro Gazeta, o momento delicado é tratado como uma forma de descoberta, recheada com bom humor. “O texto retrata uma fase da vida pela qual todas as mulheres vão passar e muitas vezes é um período bem conturbado física e emocionalmente”, conta o produtor e idealizador Cássio Reis que, depois de assistir à montagem off-Broadway em 2003, decidiu trazer o espetáculo para o Brasil.

Ele divide a produção com Anderson Bueno, com quem já havia trabalhado antes na comédia Os Monólogos da Vagina, em 2000, que trata de temas semelhantes. “São projetos completamente diferentes, mas que se completam em relação ao conteúdo abordado”, observa Reis. “Ambos falam da relação da mulher com sua sexualidade e trazem em seu ápice o tão almejado empoderamento feminino sem a menor pretensão de confronto com outros temas sociais.”

Elenco. A disputa por uma lingerie em uma loja incentiva as mulheres a explorar o que têm em comum Foto: MARCO MÁXIMO

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A trama acompanha quatro mulheres muito distintas que se encontram por acaso em uma loja de departamentos. Elas estão lá em busca de uma mesma lingerie e, durante a disputa, descobrem que todas têm muito em comum. Na verdade, elas são apresentadas por arquétipos, ou seja, ali estão a Atriz, a Hippie, a Executiva e a Dona de Casa. “Elas são um reflexo de todas as mulheres, pois elas têm um pouquinho de cada personagem”, comenta Bueno, lembrando que o elenco é formado por Alessandra Vertamatti, Bibba Chuqui, Cris Nicolotti e Simone Gutierrez, além da participação em off de Fafy Siqueira e de Luciana Milano.

Como os diálogos são afiados, a trilha sonora escolhida também traz referências a temas ligados ao assunto, como hormônios à flor da pele, necessidade do chocolate, perda de memória, fogachos, suores noturnos e vida sexual. Na lista, versões sacudidas de Fever Night, Stayin’ Alive, The Lion Sleeps Tonight, YMCA, Chain of Fools, entre outras. 

Além de divertir, o encontro dessas mulheres pode servir também para abrir novas discussões, acreditam os produtores. “Noto que a palavra ‘menopausa’ surge muito mais em relação aos ‘sintomas’ do que em relação ao que essa fase realmente significa física e emocionalmente para as mulheres. O espetáculo busca passar esse entendimento”, conta Reis.

Curiosamente, há quase 20 anos, quando montaram Os Monólogos da Vagina, os produtores enfrentarem resistência por conta de questões então consideradas tabus. Cássio Reis conta que diversas empresas dispostas a apoiar o projeto pediram para retirar a palavra “vagina” e até teatros não queriam o nome da peça em sua fachada. “E até mesmo atrizes que foram convidadas declinaram o convite porque não estavam ‘prontas’ para defender o texto com a verdade que necessitávamos e o texto merecia”, lembra Reis. “Infelizmente, todas as questões femininas sofrem ainda preconceitos. Somos um país extremamente machista. E, a cada dia que passa, percebo como somos influenciados por essas questões”, completa Bueno.

Com Menopausa – O Musical, a situação é mais tranquila. Apesar da dificuldade no acerto de patrocínios, o título da peça não tem sido um empecilho – o problema é a escassez financeira generalizada do Brasil. 

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