Karin Rodrigues e Chris Couto vivem mãe e filha que se reencontram em momento de dor e culpa

Atrizes encenam 'Para Duas', peça online que estreia neste sábado no Teatro Cacilda Becker com ingresso gratuito

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Por Ubiratan Brasil
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Acertos de contas entre mãe e filha costumam deixar marcas profundas na alma que, filtradas pelo olhar artístico, inspiram também obras fabulosas. Basta lembrar de Sonata de Outono, filme de Ingmar Bergman em que Ingrid Bergman e Liv Ullmann vivem uma história comovente de desencontro e desamor. Trama semelhante à interpretada por Karin Rodrigues e Chris Couto em Para Duas, peça online que estreia neste sábado, 29, no Teatro Cacilda Becker, às 21h, no Festival Palco Presente. O ingresso é gratuito e o público pode assistir acessando o  YouTube  ou o Instagram do teatro.

Família. Chris Couto, Claudio Curi e Karin Rodrigues. Foto: Kim Lee Kyung

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Sob a direção de Elias Andreato, elas vivem mãe e filha que se reencontram após anos em silêncio, durante um jantar improvisado e acompanhado pela sombra de um pai não mais presente, interpretado por Claudio Curi. “Na verdade, quase não se pode dizer que é um reencontro, pois elas viveram distantes durante muito tempo”, comenta Chris, que vive a filha. “Ela foi criada pelo pai e, por isso, guarda muito rancor da mãe.”

Para Ed Anderson, autor do texto, a trama envolve três personagens em estado-limite, como uma foto de família em quebra-cabeças com algumas peças perdidas. “É um reencontro com diálogos curtos, frases cortantes e verdades (não) ditas. A dramaturgia procura se aprofundar nas relações, pode ser equiparada ao trabalho de arqueólogos na captura das memórias de um berço fossilizado.”

Assim, para que a magia do teatro não se perca, Andreato preparou um espetáculo que não se preocupa especificamente com as câmeras que vão transmitir a peça. “Serão duas câmeras: uma fixa, que mostra um plano geral, e outra móvel, que acompanha os personagens mais de perto”, explica. “Será um espetáculo para as câmeras, mas sem o compromisso de se fazer para elas. É como se fizéssemos para um teatro com a plateia lotada.”

“É preciso ter muita concentração, pois é uma peça intimista, não fico preocupada com a câmera, ela vai me seguindo”, conta Karin. “Mas a gente se envolve com aquela mãe, aquela filha e todo os sentimentos.”

O fato de a história apresentar mãe e filha que passaram boa parte da vida distantes uma da outra é um detalhe dramatúrgico que torna o distanciamento social exigido em tempo de pandemia totalmente factível. “Elas cultivaram esse afastamento e, em cena, isso acentua a diferença entre elas”, comenta Chris Couto que, em tempos modernos, teve o primeiro contato com o cenário por um monitor de tela. “Tive a mesma perspectiva que o público terá em casa.”

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