18 de novembro de 2019 | 23h43
Em sessão especial e com ingressos populares esgotados desde a tarde, a atriz Fernanda Montenegro fez leitura de Nelson Rodrigues por Ele Mesmo no Teatro Municipal de São Paulo, na noite desta segunda, 18. A obra reúne crônicas do jornalista e dramaturgo brasileiro organizadas pela filha, Sonia Rodrigues.
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Antes de começar, bastante aplaudida e emocionada, a atriz contextualizou a escrita do autor. "O princípio do grupo, o Teatro dos Sete, era montar um autor brasileiro. Estávamos ainda longe da ditadura, da direita, da esquerda, e o diabo a quatro."
O grupo estreou com Beijo no Asfalto e Nelson Rodrigues só seria entendido com o Vestido de Noiva. "Ele foi por um caminho do folhetim, que amava. Que autores do século 19 não tiveram por base o melodrama? O que são as histórias de Dostoiévski, Balzac?".
Ao relembrar os pensamento do autor, Fernanda diz que o País precisa abandonar a radicalização. "Estou há 75 anos nessa vida. Trabalhei muito, minha geração também. O teatro é esse encontro entre cidadãos. É a coragem da nossa sobrevivência."
Ao fim, o diretor artístico do Municipal, Hugo Possolo, se manifestou contra o tratamento que a atriz recebeu do governo federal. Recentemente, o então diretor da Funarte, Roberto Alvim, chamou a atriz de "sórdida."
Nas últimas semanas, Alvim foi promovido à direção da secretaria especial de Cultura, agora sob a batuta do Ministério do Turismo. "Essa pessoa não merece nossa atenção. Nao vamos deixar esse tempo de exceção voltar", disse Possolo.
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