Em peça 'Marta, Rosa e João', o tarô define o futuro das cenas

Espetáculo de Malu Galli se inspira em arquétipos do jogo de cartas

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Por Leandro Nunes
Atualização:

Para um jovem ator, entender os arquétipos é das coisas mais primordiais para a carreira. Eles estão na comédia, na psicologia e também no tarô. Estreia nesta quinta, 17, no Sesc Pinheiros o espetáculo Marta, Rosa e João, inspirado na dinâmica e nos mistérios do tarô. 

Com texto e direção de Malu Galli, a peça tem uma história simples e direta. A jovem Rosa descobre que está grávida após uma consulta com uma taróloga. Além disso, a vidente aconselha que ela vá conhecer a mãe Marta, com quem nunca teve contato. Ao chegar, percebe que a mulher sofreu uma crise de pânico e, desde então, não sai de casa. Ela só recebe a visita de João. “Ele é um passeador de cães, um rapaz com espírito livre”, conta Malu, que estreia na autoria do texto e também está no elenco.

Revelação.Jovem descobre nas cartas que está grávida e busca conhecera mãe Foto: MABEL FERES

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Para adornar essa narrativa, a diretora escrevia cenas enquanto refletia sobre os arquétipos do tarô. “Escolhi os chamados Arcanos Maiores, que são 22. Mas há outras cartas.” Ela afirma que a história do surgimento do tarô merece ser estudada. 

Apesar de sua origem desconhecida, o baralho composto por 78 cartas foi trazido à Itália e à França por ciganos no século 14. Desde o século 18, as cartas são usadas para prever o futuro e integram o esoterismo moderno ao lado da astrologia e da Cabala. Ele é dividido em Arcanos maiores, menores e nos naipes, que são os tradicionais do baralho, ouros, paus, copa e espadas. “A peça utiliza apenas as 22 cartas. O Louco, representado pelo Curinga é a número 0, por exemplo. Ele também representa Exu, o bobo da corte e o deus Mercúrio, todos símbolos de transformação e movimento. O mesmo que o passeador de cães”, diz. 

Além do Louco, estarão no palco O Mago, A Sacerdotisa, A Imperatriz, O Imperador, O Papa, A Papisa, Os Enamorados, O Carro, A Justiça, O Eremita, A Roda da Fortuna, A Força, O Enforcado, A Morte, A Temperança, O Diabo, A Torre, A Estrela, A Lua, O Sol, O Julgamento, e o Mundo.

Na primeira cena, a taróloga prepara como será o espetáculo da noite. Em cada sessão, Rosa retira 15 cartas. Cada uma corresponde a uma determinada cena. “Com isso, eliminamos oito cartas, ou cenas, que não serão apresentadas naquela noite.” Ao fim de cada cena, a taróloga aparece para sinalizar à plateia qual é o Arcano da vez. E a direção musical de Romulo Fróes também terá essa função. “Ele criou uma trilha que se completa no fim. Durante a peça, ela se apresenta como pílulas. Assim como a história.”

Diante desse jogo cênico, Malu conta que as cenas ganharam limites e possibilidades. “Algumas coisas não seriam possíveis, como curvas dramáticas, que transformassem a história ou as personagens. Além disso, as cenas deveriam ser móveis, cuidando para que fizessem sentido mesmo embaralhadas.” Antes da estreia, ela lembra que fez muitos testes, com a equipe e parceiros. “O espetáculo da noite é escolhido por improviso, então temos de ter tudo na cabeça. Há algumas transições de cenas, como mudanças de cenário e figurino que acontecem na hora, além da trilha sonora.”

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Para quem não está familiarizado com o tarô é uma chance de entender o jogo e sua psicologia, conta Malu. “Mesmo que a história não seja sobre o jogo de cartas, as cenas trazem leve inspiração nos Arcanos.” Além do espetáculo, Malu tem dois lançamentos no cinema. No próximo dia 18, ela viaja para estrear Seus Olhos e Seus Ossos, filme de Caetano Gotardo, na abertura da Mostra de Cinema de Tiradentes. Ainda em 2019, sai Propriedade Privada, um thriller de Daniel Bandeira, e Dispersão, de Bruno Vianna.

MARTA, ROSA E JOÃO. Sesc Pinheiros. R. Paes Leme, 195. 3095-9400. 5ª, 6ª, sáb., 20h30. R$ 25. Estreia 17/1. Até 23/2. 

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