Em 'A Profissão da Senhora Warren' surgia alternativa ao machismo dominante

Na peça de Bernard Shaw, em cartaz no Masp, irlandês deu destino não trágico às trabalhadoras das 'casas de tolerância'

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Por Leandro Nunes
Atualização:

Enquanto prostitutas morriam de tuberculose, depressão ou de violência no fim do século 19, o autor irlandês Bernard Shaw decidiu mudar a forma como essas trabalhadoras eram vistas na sociedade. Estreia nesta sexta, 11, A Profissão da Senhora Warren, no auditório do Masp, que retrata a empreendedora que administra com sucesso uma rede de bordéis – chamadas de casa de tolerância – interpretada por Clara Carvalho, que patrocina uma educação de primeira para a filha Vivie. “Naquela época, as prostitutas eram representadas como depressivas e sofredoras”, afirma a pesquisadora e idealizadora do projeto Rosalie Haddad.

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Para ela, o texto de Shaw – que também atuou como crítico de arte e teatro, ensaísta, além da militância na política – indica uma transformação ao considerar as mulheres como agentes ativos no funcionamento da sociedade. “Antes, o destino delas seria casar, viver como solteironas à serviço da família ou em empregos precários ganhando muito pouco. Qualquer outra alternativa não atrairia bons olhos”, continua.

Legado. Peça revê posição de mulheres na sociedade Foto: RONALDO GUTIERREZ

Na peça que já teve Fernanda Montenegro no papel da filha em 1960, Warren mãe vai visitar Vivie (Karen Coelho) que mora e estuda nos arredores da Universidade de Cambridge. Com a mãe e alguns velhos amigos, a visita vai revelar segredos sobre a origem do dinheiro que mantém a filha em sua vida confortável e o ideal de família da mãe que soa tradicional demais para uma antiga prostituta. 

O encontro ganha força com a chegada do barão (Sergio Mastropasqua), do arquiteto Pread (Mário Borges), do reverendo (Claudio Curi) e de seu filho (Caetano O’Maihlan). “A peça discute o lugar da mulher nessa virada de século, quando elas ainda nem podia votar”, afirma o diretor Marco Antônio Pâmio. Ele conta que, na encenação, decidiu ambientar a peça nos anos 1950, para que o espetáculo não soasse antigo em sua representação. “A discussão é atual, então trouxemos para o século passado como algo pré feminista”, explica.

A PROFISSÃO DA SENHORA WARREN. Masp. Avenida Paulista, 1.578. Tel.: 3149-5959. R$ 50 / R$ 15. Estreia hoje, 11. Até 1º/7.

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