Crítica: ‘Billy Elliot’ conserva a força da versão original no cinema

Montagem privilegia luta pelas diferenças e minimiza política

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Por Ubiratan Brasil
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Quando estreou o filme Billy Elliot, em 2000, fazia dez anos que Margaret Thatcher deixara de ser primeira ministra britânica. Hoje, sua figura controversa tornou-se ainda mais desconhecida do grande público. É feliz, portanto, a decisão da montagem nacional de Billy Elliot - O Musical, em cartaz no Teatro Alfa, de minimizar sua importância (nem em foto, mrs. Thatcher aparece) e se concentrar na importância da arte (especificamente a dança) na transformação de consciências. Billy perdeu a mãe, o que desestabilizou a família. Desanimado com as sessões de boxe, o menino descobre uma aula de balé, na qual seu talento se revela.

Auxiliado pela senhora Wilkinson, Billy aprende os conceitos básicos que o levarão até o Royal Ballet. Antes, porém, terá de combater o preconceito local. A chance do garoto está na transformação do pai, que percebe ser o filho o único naquela comunidade condenada pelo fracasso a ter êxito na vida.

Billy.Três atores se revezamno papel Foto: JOÃO CALDAS

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Eis aí o ponto forte da montagem brasileira. Carmo Dalla Vecchia traz a verdade esperada em Jackie, o pai brutalizado, mas que percebe o talento do garoto. Também Beto Sargentelli, ator especial, como Tony, o irmão cabeça-dura, revela a transformação e aceitação do potencial do menino. A família se completa com a avó e o espectro da mãe, em iluminadas interpretações de Inah de Carvalho e Sara Sarres. Finalmente, Vanessa Costa traz a garra esperada como sra. Wilkinson.

O espetáculo, porém, tem sua força na presença dos garotos. Billy é defendido alternadamente por Pedro Sousa, Tiago Fernandes e Richard Marques. Com características distintas, eles apresentam o menino que descobre, aos poucos, a força de seu talento. Surpreendem também como bailarinos, com passos precisos. Outro destaque é o trio Felipe Costa, Paul Gomes e Tavinho Canalle, que vive Michael, o amigo de Billy, que não se importa em se vestir de mulher. É encantadora a forma como eles mostram isso, sem trejeitos. Fortalece a mensagem contra o preconceito, que marca a peça.

BILLY ELIOTT. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000. 6ª, 20h30; Sáb., 15h/20h; dom., 14h/18h. Ingressos: de R$ 40 a R$ 260. Até 28/4.

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