O Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico) realizou reunião nesta segunda, 27, para a votação do projeto da Sisan Empreendimentos, braço imobiliário do Grupo Silvio Santos, que pretende construir duas torres ao lado do terreno do Teatro Oficina.
Na audiência, o diretor do Oficina, José Celso Martinez Corrêa, relembrou que a aprovação das torres, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ignorou o entorno e os bens já tombados no bairro da Bela Vista. Em maio, a entidade deu parecer favorável ao projeto da Sisan para erguer duas torres residenciais de 100 m de altura, entre as ruas Jaceguai, Abolição e Japurá. “Não dá para esquecer a presença da Escola Primeiras Letras, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), Casa de Dona Yayá, já reconhecidos como patrimônio. O terreno ao lado do Oficina é a última terra do Bela Vista, e esse espaço não pode perder para mais prédios”, disse o diretor.
O advogado da Sisan, Francisco Ribeiro Gago, afirmou que o motivo da audiência seria solicitar a aprovação das novas plantas apresentadas anteriormente ao Iphan e agora entregues ao Condephaat. “O novo projeto prevê menor interferência no Teatro Oficina, diante da proteção no tombamento do Iphan. O janelão e as atividades teatrais não serão prejudicadas.”
O advogado do Oficina afirmou que já apresentou recurso ao Iphan para revisão do projeto da Sisan. “Há uma decisão pendente a respeito do tema, que precisa ser revista”, disse Marcio Sotelo.
A pauta iria para a votação, mas a conselheira Sarah Feldman, representante pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), questionou o parecer sobre as torres e reiterou a importância histórica e cultural do bairro, que inclui diversos bens tombados. Ela afirmou que o contexto da região não foi levado em conta na elaboração do parecer técnico, e pediu vistas do documento. “O Condephaat foi o primeiro órgão a tombar o Oficina, numa decisão pioneira, diluindo as fronteiras entre a materialidade do edifício e as práticas sociais. O projeto apresentado desconsidera a relação dos demais imóveis, também reconhecidos protegidos.” A conselheira tem prazo de 30 dias para apresentar resposta, prorrogáveis por mais trinta dias, informou assessoria de comunicação da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.