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Companhia Circo Mínimo brinda o público com três espetáculos virtuais

Com 33 anos de trajetória, companhia de Rodrigo Matheus apresenta peças do repertório e mostra nova criação

Por Eliana Silva de Souza
Atualização:

E lá se vão 33 anos de trajetória e de histórias contadas para o público. Puxando por essa proeza, de se manter ativa por tanto tempo, a Cia. Circo Mínimo brindará o público com três espetáculos, com ingresso gratuito, e que serão exibidos de forma virtual, desta quinta, 26, até 9 de setembro, com sessões de sexta a domingo, às 20h. São dois que já integram o repertório do grupo, Simbad, o Navegante e o Quixote, e o inédito Circo de Versos. As apresentações serão transmitidas pelas plataformas do próprio grupo e também do Teatro Palombar (coletivo circense de Cidade Tiradentes), além de outras pelo interior de São Paulo.

Companhia Circo Mínimo celebra 33 anos de estrada Foto: Carla Candiotto

Nascido em 1988, o Circo Mínimo surgiu pelas mãos e ideias do ator, diretor e trapezista Rodrigo Matheus, alimentado por uma proposta que o diferenciaria de outros grupos de arte cincense. “Tinha vontade de discutir temas profundos, em espetáculos instigantes e ousados, na forma e no conteúdo”, conta o artista. Sem lona ou com as famílias morando em trailers, o Mínimo é, mesmo assim, um circo, mas que nasceu com a vontade de seu criador de subverter um pouco esse gênero de arte, que, segundo ele, na época era muito comportado. “Acho que quis fazer um circo desobediente, que questionasse certas estruturas.” E foi assim que o Circo Mínimo se apresentou ao público e que agora mostra que não perdeu sua essência. Prova disso é o novo espetáculo, Circo de Versos, que mistura a magia da arte circense com a sensibilidade da poesia e vai além, ao colocar em cena questionamentos sociais, como é o caso da diversidade, que fica explícita já no título, como enfatiza seu criador. “Acredito que o Brasil atual precisa de poesia, assim como eu queria ver os artistas fazendo seus números, mas com algum elemento que os unisse, que não fosse uma história, ou uma ideia”, revela Rodrigo. Dessa maneira, ele conseguiu tornar os trabalhos menos “heróicos e virtuosos, e mais afetuosos, humanos, mais cheios de emoção, ou de força”.  Belos, potentes e corajosos é como Rodrigo define os espetáculos que integram o Circo de Versos. Mesmo considerando complicado destacar alguma das atrações, o diretor fala sobre algumas. E começa pelo mestre de cerimônia, o poeta, ator e performer visual Fábio de Sá, que é surdo, e une a linguagem de libras com a arte teatro e circense. “Ele apresenta criações próprias na linguagem Visual Vernacular, que eu não conhecia e vim a conhecer apenas no ano passado, e que me abriu a cabeça.”  Outro destaque é a performance da Vulcanica Pokaropa, “uma mulher transgênere que vem batalhando, junto com seu grupo, o Circo Fundo Mundo, composto somente por artistas transgêneres, por um espaço e pela inclusão desses profissionais no meio de trabalho”, afirma Rodrigo sobre a artista que, acrescente, mostra “muita coragem e ousadia”. Em seu número, que “ é fortíssimo”, como afirma o diretor, ela sua técnica, com bambolês. “O resultado é um número de contrapontos, entre a leveza do bambolê e a violência de seu poema”, diz, ainda destacando um terceiro artista. “O número do João Osmar, de trapézio e contorção, é muito diferente do que eu jamais vi”, conta Rodrigo. E ele avalia serem esses “os momentos mais tocantes do espetáculo, na minha opinião”.  Fora essa estreia, o Circo Mínimo revê dois sucessos de seu repertório. “Em Simbad, o Navegante, a trama é toda contada por dois palhaços que disputam para ver quem vai fazer a personagem principal”, conta o ator e diretor. Já em Quixote, “também temos dois palhaços, mas um é morador de rua, meio louquinho, achando que é Dom Quixote, e um gari que é chamado por ele de Sancho Pança, e que aceita o jogo por não aguentar a rudeza da realidade de sua vida”, explica Rodrigo. 

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