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Claudia Raia festeja 30 anos de carreira com musical que relembra seus personagens

'Raia 30 - O Musical' estreia dia 24, em São Paulo, e fará um apanhado de sua atuação na televisão e nos palcos

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Tudo começou com uma conversa informal entre a atriz Claudia Raia e seu companheiro, Jarbas Homem de Mello. “Falávamos sobre meus 30 anos de carreira e como colecionei trabalhos preciosos”, lembra Claudia. “Até que ele perguntou: ‘Por que você não transforma sua história em um espetáculo?’. No início, achei que seria muito presunçoso, o que não combina comigo, pois sou uma pessoa muito debochada.” Tantos amigos insistiram, no entanto, que a atriz resolveu arriscar - reuniu-se com parceiros de longa data, os diretores Miguel Falabella e José Possi Neto, e finalmente nasceu Raia 30 - O Musical, que estreia na sexta, dia 24, no Theatro Net.

Claudia Raia em ensaio do musical 'Claudia Raia - 30 anos' Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

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Trata-se do apanhado geral de uma carreira com momentos marcantes especialmente no teatro musical e na televisão - desde a consagração em novelas como Sassaricando e Belíssima, e programas humorísticos, a exemplo do TV Pirata, até importantes espetáculos no palco como Sweet Charity e Cabaret

“O resultado é original, pois, apesar de narrar a trajetória de uma artista conhecida, o enredo foi montado de uma forma a agradar mesmo quem não conhece o trabalho da Claudia”, observa Possi Neto.

De fato, ao escrever o roteiro, Miguel Falabella apoiou-se em uma base felliniana - logo no início, por exemplo, Claudia encena um momento crucial em sua carreira: quando decidiu fazer o teste para o papel de Sheila do musical Chorus Line, que seria montado em São Paulo, em 1984. Nessa época, ela estava com 16 anos e atendia por Maria Claudia Raia. Mas, além de envolver a mãe da futura atriz, Odette, e da irmã, cuja influência foi decisiva em sua carreira, Olenka, a cena esgota um sonho e faz referência a outros personagens também representativos, que circulam ao seu redor, como os coreógrafos e bailarinos americanos Lennie Dale (1934-1994) e Bob Fosse (1927-1987).

As lembranças não são gratuitas - ao escrever também a letra original das canções, Falabella utilizou a melodia de músicas já existentes como apoio. Assim, Hey Big Spender, um dos temas mais famosos de Sweet Charity, de Fosse, é utilizado para ilustrar sua chegada à televisão. 

A paixão de Claudia Raia pelo teatro permeia todo o espetáculo. Afinal, desde criança, desejava estar no palco. “Meu sonho era ser uma grande bailarina, brilhar em alguma companhia renomada”, conta ela que, embora fosse talhada para o clássico, jamais abandonou o popular, especialmente o bem ritmado.

Para isso, o musical apresenta duas histórias reveladoras. A primeira envolve Lennie Dale, o americano que se apaixonou pelo Brasil e, aqui, criou o transgressivo grupo Dzi Croquettes. Ao descobrir que a trupe se apresentava em São Paulo, Claudia insistiu para que a mãe a levasse uma tarde até o Teatro Brigadeiro. Lá, com a petulância de uma bailarina de 7 anos, chamou a atenção de Dale e disse: “Eu danço igual a você”. Mesmo surpreso, o americano comprou o desafio. “Quero ver, então”, disse ele, antes de ficar boquiaberto quando a menina repetiu com exatidão e graça seus famosos passos. “Lennie ficou louco e, a partir daí, tornou-se meu padrinho e grande incentivador.”

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A coleção de ousadias aumentou quando, aos 13 anos, Claudia foi estudar em Nova York, onde se descobriu apaixonada por um gênero que não conhecia, o musical, em especial o criado por Bob Fosse. Dois anos depois, já bailarina clássica formada, protagonizou outra história deliciosa: em viagem com a avó a Buenos Aires, soube que haveria um teste para o balé Romeu e Julieta, no Teatro Colón. A menina se inscreveu, foi aprovada e permaneceu na capital argentina por um ano e meio.

Foi durante esse período que Claudia conheceu outro gênero que se tornaria o quarto pilar de sua carreira, ao lado do balé clássico e dos ensinamentos de Dale e Fosse: o teatro de revista. Ainda em Buenos Aires, ela trabalhou com a maior vedete do país, Suzana Giménez, que se apresentava no Teatro El Nacional. “Aprendi muito sobre teatro de revista com Suzana, ensinamentos preciosos que eu trouxe para o Brasil.”

Todos esses momentos estão em Raia 30 - O Musical. “Há um encadeamento dos assuntos, que se unem por personagens - é como o acaso que marca a vida das pessoas”, afirma Possi Neto. Segundo ele, o espetáculo se divide em blocos, que repassam a vida e carreira de Claudia. Um dos mais divertidos é o que envolve a televisão. Ao fazer sucesso em Chorus Line, a jovem atriz chamou atenção de Jô Soares, que a levou para seu programa humorístico, Viva o Gordo, na Globo. “Pensei que faria figuração, mas dividi um quadro com ele, o Vamos Malhar.”

Sua exuberante presença física (“Sempre fui grande, desde pequena”) se tornou passaporte para as novelas. A estreia foi em Roque Santeiro, de 1985. “Não tinha falas, apenas minha bunda aparecia sempre”, diverte-se Claudia, que logo se consagrou em outros folhetins como Sassaricando e Belíssima. Um dos pontos altos na TV foi participar da trupe do clássico TV Pirata, especialmente quando criou a presidiária Tonhão que, no musical, apresenta uma divertida versão de Samba de Breque, um dos hits de Moreira da Silva. 

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Claudia praticamente não sai de cena. Com sua voz de contralto, explora todas as notas, o que a torna uma rara intérprete para musicais da Broadway. “Ela usa todo o registro vocal na apresentação”, conta o diretor musical Marconi Araújo. Disciplinada, a atriz também se entregou à elaborada coreografia criada por Tânia Nardini. “Conheci poucas pessoas tão entregues ao trabalho como Claudia”, observa Marcos Tumura, amigo há 28 anos da atriz, com quem divide o espetáculo. “Sua persistência ajudou a instalar o musical no Brasil.

Colegas de cena falam sobre Claudia Raia "Ainda fico surpreso com sua presença no palco, com a forma como se expressa. Claudia também é uma amiga sempre presente” (Reynaldo Gianecchini, ator) "É uma profissional totalmente comprometida com seu trabalho, que tem paixão por teatro, cinema, show, dança” (Tony Ramos, ator) "Na televisão, encanta o público com sua graça, sua beleza e seu incomparável tempo de comédia. Não é uma atriz singular, é plural” (Silvio de Abreu, teledramaturgo)

RAIA 30 – O MUSICAL Theatro Net. R. Olimpíadas, 360. Tel.: 4003-1212. 5ª e 6ª, 21h. Sáb., 18h30 e 21h. Dom., 18h. R$ 25 /  R$ 200. Até 18/10. Estreia 24/7

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