Artistas se reúnem em março para debater futuro das leis de incentivo

Encontro aberto à população é organizado por artistas e produtores como Renata Pimenta, que tem projetos para quatro anos

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Por Ubiratan Brasil
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Preocupado com a constante falta de informação revelada por futuros membros do governo federal em relação às leis de incentivo (especialmente a Lei Rouanet) e também por diversas pessoas da sociedade, um grupo de artistas pretende realizar um fórum aberto à população, que sirva como um caminho para a troca de informações. O encontro está previsto para acontecer no Rio de Janeiro, em março.

“Queremos trazer a sociedade para entender e questionar”, comenta Renata Borges Pimenta, produtora da Touché Entretenimento, que está à frente da empreitada ao lado da Associação de Teatro Musical. Ou seja, nomes representativos do setor estarão presentes como a atriz Alessandra Maestrini, o ator e diretor Tadeu Aguiar, o dramaturgo Eduardo Bakr, o produtor Marllos Silva, e o empresário Carlos Konrath, entre outros. “Queremos discutir as leis de incentivo ao lado de pessoas ligadas à cultura em um debate que una empresas, produtores, atores, e representantes do governo. Desse primeiro encontro, vamos redigir um documento que será encaminhado à pasta do novo governo”, conta Renata, que revela que o grupo já iniciou contatos com a equipe de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Na Broadway. Montagem nacional de 'Bob Esponja' terá Mateus Ribeiro como protagonista Foto: Joan Marcus

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Entre as diversas informações, os artistas pretendem mostrar como a cultura apresenta quase R$ 2 bilhões (ou 0,68%) de toda a renúncia fiscal do Brasil, mas promove um resultado expressivo, pois a cada R$ 1 captado pela lei de incentivo, há um retorno em torno de R$ 4 em impostos. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas sobre a mais recente edição da Festa Literária Internacional de Paraty, por exemplo, mostra que os impostos recolhidos pelo governo durante o governo totalizaram R$ 4,7 milhões, valor superior aos R$ 3 milhões que os organizadores conseguiram via isenção fiscal pela Rouanet. “Queremos mostrar números como esse promovidos pela sociedade criativa”, comenta Renata, cuja produtora pretende continuar investindo em grandes musicais.

Com títulos portentosos no currículo (como Cinderella e Peter Pan), ela adiantou ao Estado uma série de produções que já tem engatilhada (veja abaixo). O mais retumbante é Bob Esponja, inspirado no personagem criado por Stephen Hillenburg, que morreu na terça-feira, aos 57 anos. Trata-se de um espetáculo colorido, exuberante e será protagonizado por Mateus Ribeiro, ator que ganhou vários prêmios neste ano por sua atuação como Peter Pan. “Logo que assisti ao original, na Broadway, pensei no Mateus e sua incrível vivacidade”, explica a produtora, que pretende estrear o musical em 2021, em São Paulo.

Por falar em Peter Pan, o espetáculo cumprirá temporada no teatro da Cidade das Artes, no Rio, nos meses de junho e julho, período em que a produtora manterá um acordo com a Secretaria Municipal de Cultura da cidade a fim de capacitar cinco jovens que atuarão como estagiários remunerados durante as apresentações. A coordenação será de Eduardo Nascimento, que também trabalha em um passaporte cultural que vai permitir acesso mais fácil aos teatros.

A montagem carioca de Peter Pan, aliás, terá modificações no elenco: Mohamed Harfouch será o Capitão Gancho (aqui vivido por Daniel Boaventura) e Tadeu Aguiar, Smee, que foi brilhantemente interpretado em São Paulo por Pedro Navarro.

Ainda sobre parcerias, Renata Pimenta acertou outra, com o ator e produtor Leandro Luna, que criou e participou do musical Meu Amigo, Charlie Brown e que, junto com a produtora, vai realizar O Natal do Charlie Brown. “Nossa ideia é que esse espetáculo fique em cartaz em todo mês de dezembro a partir do próximo ano”, conta Renata.

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Em sua garimpagem por títulos que fizeram sucesso na Broadway, Renata arrematou os direitos de dois curiosos – um deles é 42nd Street, sobre um diretor que luta para montar um musical extravagante no auge da Grande Depressão americana (anos 1930). “Para mim, é o mais completo em termos de técnica, além de ostentar quase 60 atores no palco.” O outro é Something Rotten, que terá a direção de José Possi Neto. “Ele tem o necessário discurso crítico sobre a arte”, acredita Renata, sobre comédia envolvendo dois irmãos que, em 1595, lutam pelo sucesso contra um certo Shakespeare. “É um musical que critica o próprio formato.”

Finalmente, haverá a versão de Charles Möeller e Claudio Botelho para Carousel, com Malu Rodrigues como protagonista, e American Idiot, sob a direção de Mauro Mendonça Filho.

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