
25 de abril de 2019 | 02h00
Os sinos da Igreja da Matriz de Brumadinho (MG) vão badalar às 19 horas para chamar os moradores da cidade mineira para uma missa – uma missa especial, mais teatral do que se espera naquele lugar.
Trata-se da peça Missa para Clarice, com o ator e diretor Eduardo Wotzik, que será apresentada amanhã pela primeira vez em uma igreja. Claro, não é coincidência. É a primeira ação por meio da arte em exatos três meses para abraçar a cidade que, desde o rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro passado, ainda vela seus 206 mortos e 102 desaparecidos.
BADALANDO NA PRAÇA
“Levar nossa Missa para Clarice a Brumadinho é uma missão neste momento de desamparo em Brumadinho”, diz o ator Eduardo Wotzik. “É restituir ao mundo o caráter curativo que a arte tem.” A peça, que leva em sua dramaturgia textos de Clarice Lispector, tem mais de 300 apresentações em dois anos de existência. E chegou a Brumadinho por iniciativa de um grupo de voluntários, lideranças comunitárias e a Fundação Dom Cabral. Sábado, na Praça Central de Brumadinho, o espetáculo será reapresentado para um público estimado de 600 pessoas. No mesmo dia e no domingo haverá apresentação da Orquestra Maré do Amanhã e do Projeto Batucabrum.
PERFORMER DE SI
Em tempos de selfies na vida e autonarrativas nas artes é sempre bom lembrar os pioneiros nas técnicas de autoficção. É o caso do ator e performer – para dizer o mínimo – Spalding Gray (1941-2004). Um dos fundadores do The Wooster Group, criou e desenvolveu com Elizabeth LeCompte a Trilogia Rhode Island, no período de 1975 a 1980, influenciando várias gerações de artistas. Gray acaba de ganhar o centro das atenções em forma de livro em um lançamento feito no apagar das luzes do ano passado: A Alma, o Olho, a Voz: As Autoperformances de Spalding Gray, da editora Annablume. A autora é Márcia Abujamra, diretora teatral, que começou o livro como tese de doutorado, defendida no departamento de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo (USP). O livro inclui a pesquisa feita pela autora em Nova York, nos arquivos sobre as 17 autoperformances criadas por Spalding Gray em que se misturam realidade, ficção e memória na construção do espetáculo. Não é para muitos, mas é para os bons.
PASMADA EM PESSOA
A atriz Vivianne Pasmanter, que no fim do ano passado esteve na cidade com a peça Amor Profano, é a próxima entrevistada da série Em Primeira Pessoa, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. O encontro, gratuito, será em 7 de maio, uma terça-feira, na Bela Vista. Seguindo o figurino, Vivianne vai falar sobre sua carreira, desde os tempos de formação, na Escola de Arte Dramática, da USP, até os trabalhos mais recentes na televisão, como a novela Novo Mundo (2017).
3 perguntas para...
Patricia Gasppar - Atriz, diz que teatro é maior que o ego
1. O que é ser atriz?
Era uma maneira de brincar de ser outras pessoas, agora uma brincadeira séria que me faz bem e dá a chance de tentar compreender melhor o ser humano.
2. Se não fosse atriz faria o quê?
Talvez psicóloga, mediadora ou algum trabalho à beira-mar.
3. Qual é o seu motto?
Tudo passa.
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