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Em sua oitava e última temporada,‘Homeland’ foca nos dois personagens principais

Claire Danes e Mandy Patinkin retomam a trama centrada na aprendiz e seu mentor

Por Mariane Morisawa
Atualização:

Depois de um hiato de quase dois anos, Homeland está de volta para sua oitava e última temporada, a partir deste domingo, 9, às 23h30, no Fox Premium 2. A série criada por Alex Gansa e Howard Gordon estreou em 2011, dez anos depois do 11 de Setembro e refletiu, por meio de sua personagem principal, a agente da CIA Carrie Mathison (Claire Danes), os efeitos no país e no mundo do ataque terrorista e também da indústria do contraterrorismo que nasceu ali. “No começo, Carrie estava tomada pela ideia de tornar os Estados Unidos seguros. Mas, com a passagem do tempo, ela se desiludiu com a forma como o país estava projetando seu poder no exterior”, disse Gansa em entrevista em Los Angeles.

Depois de duas temporadas que seguiram de perto os acontecimentos do mundo – com os russos interferindo na política interna dos Estados Unidos e sequestrando e torturando Carrie –, a oitava se afasta um pouco disso para uma espécie de volta ao início. “Carrie se torna um pouco Nicholas Brody”, explicou Gansa, referindo-se ao soldado americano que volta do Afeganistão depois de ser prisioneiro da Al-Qaeda e é suspeito de ter passado para o lado de lá, a trama das primeiras temporadas. “Ela está sob suspeita. Tem sua lealdade questionada, não apenas pela comunidade de inteligência quanto por si mesma, já que sua memória do tempo em que esteve em cativeiro é fragmentada”, disse Gansa. Carrie sempre foi uma agente competente, mas assombrada pela bipolaridade. “O maior medo de Carrie transformou-se em realidade na temporada anterior: perder a cabeça. E isso aconteceu, porque ela ficou sem sua medicação no cativeiro e tornou-se psicótica.”

Claire Danes e Mandy Patinkin, atores de 'Homeland' Foto: Showtime/Fox Premium 2

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Gansa enfatiza que, desde o princípio, Homeland foi uma história de mentor e aprendiz, no caso, de Saul Berenson (Mandy Patinkin) e Carrie. “Então esta temporada é muito centrada nos dois personagens. É mais pessoal e menos um comentário sobre o que está acontecendo no mundo real.” Até porque, segundo os criadores, hoje em dia está difícil acompanhar. “A realidade ultrapassou nossa capacidade de ficcionalizá-la”, afirmou Howard Gordon. 

Durante os anos, a série também foi acusada tanto de abrandar a ameaça do terrorismo quanto de ser islamofóbica, uma divisão que cresceu a tal ponto que os criadores pararam de acompanhar as redes sociais. Mas Gansa acha que é bom sinal desagradar a todos. “Você está na discussão certa, fazendo a coisa correta, se ambos os lados atacam.” Para Claire Danes, Homeland nunca foi só entretenimento. “Ela estimulou debates, o que foi único. Vai ficar um buraco. E eu vou sentir falta, pessoalmente.”

Para Mandy Patinkin, a despedida foi emocionante. Ao fim de sua última cena com Claire Danes, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram. Em sua filmagem derradeira, mais lágrimas. “A última cena que fiz foi um nada. Mas aí a diretora Lesli Linka Glatter afirmou: ‘E este é o final de Homeland’”, disse o ator, chorando, como fez no set. Ele acha que falar sobre o que acontece no mundo nunca foi tão importante. “Mas também gostaria de fazer um apelo para contarmos histórias cheias de esperança, otimismo e possibilidades. Precisamos disso também.”

Perguntas para Mandy Patinkin

Como é se despedir desse personagem com quem você convive desde 2011?

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Pouco depois de terminar a filmagem, encontrei um amigo, que me falou: “Agora você está livre”. E eu comecei a chorar. Ele segurou minha mão e disse: “Mandy, Homeland foi uma parte enorme de sua vida (começa a chorar)”. Por causa de Homeland, me envolvi na ajuda aos refugiados. A Guerra da Síria começou em 2011, exatamente quando a série começou. Homeland está chegando ao fim, mas a guerra continua, e a vida daquelas pessoas permanece em suspenso. 

Acha que a experiência em Homeland transformou você?

Eu sempre carreguei meus papéis para casa. E amei ter Saul Berenson vivendo comigo. Meus filhos também. Ele me fez ser um ouvinte melhor, um ser humano mais generoso, mas também me tornou mais intenso do que jamais fui, algo que eu considerava impossível (risos).

O que gostaria de fazer agora? 

Não sei. Talvez queira me juntar ao Corpo da Paz. Normalmente escolhemos nossas profissões quando somos adolescentes. E o resto? 

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