Atores de ‘Stranger Things’ dançam 'Evidências' e descobrem centro de São Paulo

Jamie Campbell Bower e Joseph Quinn passearam pela cidade para divulgar final da série

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Por Mariane Morisawa
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No Brasil para divulgar a quarta temporada de Stranger Things, cujos dois últimos episódios entraram no ar na sexta, 1.º/7, os atores ingleses Jamie Campbell Bower e Joseph Quinn sentiram na pele o sucesso que seus personagens, Henry/Um/Vecna e Eddie Munson, respectivamente, fizeram por aqui. De bom humor, enfrentaram uma bateria de entrevistas com jornalistas e gravações de vídeos com influenciadores, incluindo até Gil do Vigor, na quarta 6, em São Paulo. À noite, dançaram ao som de Evidências em uma festa-karaokê. No dia seguinte, tiveram um encontro com fãs e visitaram a Galeria do Rock, no centro, onde descobriram preciosidades em vinil de Miles Davis e Vengaboys. Enquanto isso, a internet explodiu. Esse carinho é tudo o que Henry Creel (vivido na infância por Raphael Luce), o menino que se sentia deslocado, não teve. Dotado de poderes, ele matou sua família aparentemente perfeita, deixando a culpa recair no pai, que foi preso. Levado para o laboratório do dr. Brenner (Matthew Modine), virou o primeiro objeto de experimentos, o número Um. Mas algo aconteceu no caminho, e ele se tornou Peter, um bedel das outras crianças e adolescentes do laboratório, incluindo Onze (Millie Bobby Brown). E, em um embate com ela, foi relegado ao Mundo Invertido, transformando-se no monstruoso Vecna.

Os atores Joseph Quinn e Jamie Campbell Bower, da série Stranger Things, acharam raridades na Galeria do Rock. Foto: Breno da Matta /Netflix

“Ele ficou anos lá no Mundo Invertido, só remoendo”, disse Bower, em entrevista ao Estadão, em São Paulo. “Todos nós queremos ser ouvidos, compreendidos, valorizados, respeitados e sentir que não estamos sozinhos neste mundo. Não acho que com Vecna/Henry/Um seja diferente.” Para ele, a prova é a conversa do seu personagem com Onze no episódio 7. “Ele está à procura de alguém que entenda a situação em que esteve.” E quem melhor que Onze, que passou pelos mesmos experimentos? “Brenner é tão sombrio quanto Henry, além de ter sujeitado Henry ao inferno”, explicou Bower. Henry é quase o oposto de Eddie Munson, o roqueiro que não consegue se formar no ensino médio, é especialista no RPG Dungeons & Dragons (D&D) e que leva a culpa pelo assassinato da líder de torcida Chrissy (Grace Van Dien). O verdadeiro assassino, claro, é o monstro Vecna, saído diretamente do D&D, que vinha assombrando a garota e a mata no trailer de Eddie, onde está para comprar drogas. Não é difícil perceber que um ser humano não conseguiria fazer aquilo, quebrando braços e pernas e arrancando os olhos. Mas Eddie foge e é acusado de fazer parte de um culto satânico por ter cabelos longos, gostar de heavy metal e fazer parte do grupo de jogadores de RPG Hellfire, do qual participam também Dustin (Gaten Matarazzo), Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLoughlin) e Will (Noah Schnapp). 

Os atores da série Stranger Things Jamie Campbell Bower (camisa escura) e o Joseph Quinn cantaram em um karaokêem São Paulo. Foto: Breno da Matta / Netflix

“Em situações em que é preciso lutar ou correr, Eddie costuma correr”, contou Joseph Quinn. “Ele fica muito traumatizado por sua impotência na situação com Chrissy, sente muita culpa.” A atitude aparentemente covarde – se bem que quem não correria ao ver uma garota ser alçada ao teto, ter os ossos quebrados e os olhos arrancados, não é mesmo? – não impediu Eddie de cair nas graças do público. Até porque ele resolve entrar na luta para limpar seu nome e combater Vecna, que faz outras vítimas na pequena Hawkins e, na verdade, tem um papel muito maior no que vem acontecendo por lá desde o início da série.  “Eddie supera essa culpa se sacrificando”, revelou o ator, referindo-se à já cena clássica em que o personagem atrai os morcegos-assassinos de Vecna tocando Master of Puppets, do Metallica, e morre atacado por eles. Vira herói. 

Jamie Campbell Bower (Peter Ballard/Vecna)em cena comMillie Bobby Brown (Eleven) em 'Stranger Things'. Foto: Netflix

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“Todos temos capacidade de ser as duas coisas: vilões e heróis. É isso que assusta”, concluiu Quinn. “Não acredito que nenhum vilão, seja real ou fictício, acredita ser o vilão. O que aconteceu em suas vidas os leva a esse momento, e eles agem de acordo.” Por isso, Jamie Campbell Bower compreende seu(s) personagem(ns). “Nós, atores, temos de nos apaixonar pelas pessoas que interpretamos. Temos de protegê-las a todo custo”, afirmou. “Como o Joseph falou, é a ideia do yin e yang, há um pouco de bom no que é mau e um pouco de mau no que é bom. Embora o que Henry esteja fazendo seja visto como mau, assassino, suas razões são baseadas em suas experiências e em sua verdade. E essa é uma maneira interessante de enxergar isso.”Stranger Things, que se inspira em clássicos dos anos 1980, faz sucesso por recuperar a importância da comunidade, dos amigos. “A vida te dá todo tipo de coisa. Todos passam por coisas difíceis”, acrescentou Quinn. “Se você tem sorte de ter pessoas em quem se apoiar... Na verdade, nós precisamos disso, como seres humanos. Somos tribais. O isolamento é venenoso para nós.”

Os atores Joseph Quinn e Jamie Campbell Bower falam sobre personagens e São Paulo.

Por que acha que Eddie fez tanto sucesso com os fãs? Quinn: Ele é tão legal. Eu e o Jamie falamos durante a leitura dos roteiros, anos atrás, de como era maluco entrar em uma série como esta. A comunidade de fãs de Stranger Things é demais. Eles realmente se importam com esse mundo, com os personagens. Quando você interpreta um personagem novo, se pergunta se há espaço para você. Então o fato de as pessoas terem recebido Eddie tão bem, de forma tão generosa, é muito gratificante. Você passou por um processo bem longo de maquiagem prostética para encarnar o Vecna. Era fácil entrar no personagem? Bower:Com a pandemia, tivemos mais tempo para nos preparar. Acabei tendo meses para cavar o que precisava para interpretar essa pessoa. Assim, conseguia entrar mais rapidamente no dia da filmagem. Vi o nosso set e esse mundo todo como uma grande brincadeira. Estava brincando com minha mente. Foi ótimo. Se tivessem de lutar nesse mundo, quem do elenco gostariam de ter ao lado? Bower: Onze. Quinn: Nancy (Natalia Dyer). Não dá para brincar com ela. E Onze, que obviamente seria muito útil. Mas a sequência com a espingarda mostra do que a Nancy é capaz. Superpoderes são um dom ou uma maldição? Bower: Pela minha experiência, eles são uma bênção. Quinn: Eles vêm com certa bagagem (risos). Com grandes poderes... Tiveram tempo de curtir algo no Brasil? Quinn:Eu fui ao D.O.M. E foi uma das noites mais incríveis da minha vida. Se eu só conseguir levar essa experiência da minha breve passagem por São Paulo, já vou me sentir muito sortudo. É incrível aqui. Bower: Tenho plano de fazer algo, talvez. Não sei por que estou sendo tão vago. Se vai acontecer ou não, não sei. Quinn: Ele definitivamente vai fazer algo (risos). 

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