Zezé Gonzaga comemora 76 anos com disco novo

Sou apenas uma Senhora Que ainda Canta marca a reestréia da cantora como solista, depois de quase 30 anos sem lançar álbum

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Por Agencia Estado
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Duas gerações da MPB já são habitués do lugar: Naná Vasconcelos e Max de Castro. Amanhã é dia de uma geração anterior batizar a região. A cantora Zezé Gonzaga comemora seus 76 anos esta noite lançando um disco, coisa que não fazia havia cerca de 30 anos, no Filial (Rua Fidalga, 254, zona oeste de SP). Sou apenas uma Senhora Que ainda Canta (gravadora Biscoito Fino), o disco, marca a reestréia de Zezé como solista, após passar alguns anos dividindo o palco com as Cantoras do Rádio, fazendo vocais de apoio para outros artistas ou participando de discos alheios. No convite para o lançamento, esta noite, ela avisa: "Ah, se bobear, darei uma canja." O lugar não é dos mais adequados para a interpretação da cantora, mas é dia de festa e tudo pode ser válido. "Eu ainda me lembro, daquele três de setembro...", ela cantarola ao telefone, lembrando de uma canção de Valzinho. Maria José Gonzaga foi uma cantora de grande prestígio nos anos 50 e 60, embora não tenha desfrutado de sucesso popular como outras intérpretes de sua geração. Técnica e com formação erudita, pensou inicialmente em tornar-se cantora lírica (tinha registro de soprano ligeira), mas a sedução da música popular falou mais alto. Admirada por músicos como Ary Barroso, Radamés Gnatalli e Valzinho, ela desistiu da carreira no final dos anos 60, desiludida com o mundo do show biz. "Só me davam versões ruins para gravar", conta. Eram versões de música de filmes, moda na época. "Eram versões umas mais feias que as outras - tudo bem, se ainda fossem bem-feitas." Sua última tentativa foi gravar um disco na Philips, mas o fiasco a deixou ainda mais desiludida. "Me prometeram mundos e fundos e não aconteceu nada, o disco sumiu na gravadora, desapareceu tudo, até o material de produção e as capas", lembra. Um amigo advogado conseguiu desbloquear o disco e ele foi relançado, mas com uma capa branca. "Aí eu fiquei doida: ficou três meses na praça e nunca mais se ouviu falar no álbum." No final dos anos 70, foi retirada do seu exílio por um antigo admirador, o produtor Hermínio Bello de Carvalho (diretor musical desse lançamento da Biscoito Fino). Ele a convidou para emprestar a voz a um disco em homenagem a um antigo violonista do regional da Rádio Nacional, Valzinho. "Ele tinha sido o primeiro autor que confiou em mim como cantora, eu não poderia recusar", lembra. Depois disso, viajou pelo Projeto Pixinguinha (em 1997, foi uma das estrelas das comemorações do centenário do músico), fez shows aqui e acolá na Sala Funarte e não parou mais de cantar. Só não tinha gravado até então. Há quatro anos, Jane Duboc a convidou para fazer uma participação em um disco seu. Com 58 anos de carreira, ela experimenta agora lançar um trabalho no qual não põe nenhum reparo, está tudo como ela queria. Com arranjos de Cristóvão Bastos e uma banda que conta com o baixista Jorge Hélder e o violonista João Lyra, ela fez um disco requintado e com repertório pródigo. Estão lá Inquietação e Pra Machucar Meu Coração (Ary Barroso), Molambo (Jayme Florence e Augusto Mesquita), Cansei de Ilusões (Tito Madi), Quando Tu Passas por Mim (Antônio Maria e Vinicius). Zezé Gonzaga. Amanhã, às 19 horas. Entrada franca. Bar Filial. Rua Fidalga, 254, zona oeste de SP, tel. 3813-9226.

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