Zeca Pagodinho lança novo álbum

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Por Agencia Estado
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Em Água da Minha Sede, seu 14º álbum, Zeca Pagodinho não fez diferente do que costuma fazer. Por isso, o trabalho que chega às lojas este mês é muito bom. Tem todos os elementos que marcaram a carreira do quarentão sambista de Acari: espontaneidade, sofisticação, pagodes compostos pelos companheiros de vida e copo Almir Guineto, Beto Sem-Braço, Arlindo Cruz & Sombrinha e Dudu Nobre, sambas clássicos como Delegado Chico Palha, da dupla do Império Serrano Nilton Campolino e Tio Hélio e Jura, escrito nos anos 20 pelo mestre Sinhô, resgate de esquecidos cronistas do morro, como Carlinhos da Mangueira, e por aí vai. Por esses fatores, fazendo somente o que gosta, Zeca entrou para a galeria dos bambas do gênero e vende discos de qualidade como poucos. Vale o chavão: em time que está ganhando não se mexe. E Zeca parece concordar com isso. Não falta nada em Água da Minha Sede. A arte da capa é mais uma vez de Elifas Andreato, que presta uma bela homenagem a Heitor dos Prazeres, e o cantor segue acompanhado pela trupe de excelentes instrumentistas que têm participado de seus álbuns. A direção musical é de Rildo Hora. Uma pessoa iluminada - É o quarto disco de Zeca Pagodinho que Hora dirige. "É o resultado de quatro anos de convivência com uma pessoa iluminada, que sabe muito bem com quem anda", comenta o consagrado instrumentista, arranjador e compositor. O maestro conta que o processo de produção do disco, entre a escolha do repertório e a gravação, durou cerca de seis meses. Somente dentro do estúdio foram dois. Foi feito em conjunto pelos dois, menos por Hora do que por Zeca. "Rapaz, o produtor é aquele que organiza a emoção. Ele não tem que interferir no processo, mas colaborar com o que o artista quer", explica. Histórias - Zeca Pagodinho ao Vivo, lançado no ano passado, vendeu mais de 750 mil cópias. Água da Minha Sede já nasce com pelo menos um grande sucesso: Jura, samba-choro de Sinhô, composto nos anos 20 e que faz parte da trilha da novela O Cravo e a Rosa, da rede Globo. Nunca Vi Você Tão Triste, da dupla Monarco e Alcino Corrêa, compositores do sucesso Vai Vadiar, também deve emplacar nas rádios do País. Garimpador de talentos, dono de grande memória musical, Zeca adora resgatar os cronistas populares de que ninguém mais se lembra. É o caso de Carlos Roberto da Mangueira, o Carlinhos da Verde e Rosa, compositor de sambas enredo da escola. "Fazia uns dez anos que não ouvia, mas ele se lembrava da música, se lembrava do autor, e, como sempre faz, foi atrás para pedir permissão para gravá-la", conta Hora, explicando a escolha de Pagodeiro Fino Trato para o repertório do álbum. "Pagodeiro fino trato/Feito de gato e sapato/não passo de um sofredor". Zeca dá muito valor aos clássicos. As releituras que faz ganham novos contornos pelo seu estilo inconfundível de dividir as sílabas e se relacionar com a harmonia. Em Água da Minha Sede, gravou A Ponte, de Helton Medeiros e Paulo César Pinheiro, uma homenagem: "Parabéns pelos seus 70 anos de existência Helton". O velho compositor lhe dá a benção: "Muito Obrigado Zeca, e até para sempre".

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