PUBLICIDADE

Zeca Baleiro lança "Líricas"

Violão, melancolia e saudade são as marcas do novo disco do cantor maranhense que diz ter a intenção de criar uma atmosfera lírica com temas ácidos

Por Agencia Estado
Atualização:

Os músicos do Charlie Brown Jr. não precisam esperar o seu hipotético Acústico MTV para ouvir uma canção de seu repertório com arranjo para violões não plugados. Líricas (MZA/Universal Music), novo disco do cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro, antecipou-se e traz uma versão folk para Proibida pra Mim (Grazon). "Percebi a oculta delicadeza da canção", conta Baleiro, revelando não conhecer os integrantes do grupo santista. "A gravação será uma surpresa pra eles, também." Os violões são uma constante no álbum. A melancolia e a saudade também. Segundo Baleiro, isso é resultado de uma certa rebordosa da estética pop que norteava os caminhos dos disco anteriores, Por Onde Andará Stephen Fry? (1997) e Vô Imbolá (1999). "Após a turnê do último disco, houve um esgotamento natural dessa estética, cansei do pop", decreta. Esgotado, o compositor preferiu passar ao largo do caminho que o orientava a continuar na trilha do disco anterior, que vendeu 100 mil exemplares. "Do ponto de vista do produto, seria ótimo fazer um segundo Vô Imbola, mas artisticamente isso não me bastaria", continua. "Preferi criar uma atmosfera lírica, com temas ácidos." E por falar em vendas, um dos "temas ácidos" recorrentes nas 12 faixas do disco é exatamente o que os justifica. A mais emblemática é Você só Pensa em Grana, que traz os versos: "Você rasga os poemas que eu te dou/ Mas nunca vi você rasgar dinheiro/ Você vai me jurar eterno amor/ Se eu comprar um dia o mundo inteiro/ Quando eu nasci, um anjo só baixou/ Falou que eu seria um executivo/ E desde então eu vivo com meu banjo/ Executando os rocks do meu livro/...Você me fala entre dentes: poeta bom, meu bem, poeta morto." Diz o compositor: "A canção trata do embate instigante entre o dinheiro e a poesia." A poética é saudada também nas faixas Quase Nada, da poeta Alice Ruiz, e em Nalgum Lugar, tradução de Augusto de Campos para um dos poemas do norte-americano e.e. cummings. "Em Líricas, é tudo muito confessional", diz. Teatro - Além da melancolia e dos embates presentes no álbum, Baleiro está à frente da direção musical de Mãe Gentil. Trata-se do novo espetáculo do diretor Ivaldo Bertazzo que estréia hoje e segue em cartaz até o dia 8 de outubro, no Sesc Belenzinho (Rua Álvaro Ramos, 991, Belenzinho, telefone 6096-8143). No espetáculo multimídia, Baleiro tem como companheiro de palco um elenco de 81 pessoas. Acompanhado pela Banda Mandala e pelas cantoras Rosa Reis e Dona Teté, ele executa ao vivo a trilha sonora criada especialmente pra o espetáculo. "O Ivaldo viu um dos meu shows e me convidou para esse projeto grandioso, que discute a formação da identidade cultural brasileira", diz o músico.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.