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Zé Ramalho parte para "som globalizado"

Repertório do novo CD, O Gosto da Criação, composto "na estrada", mistura essência nordestina com guitarras roqueiras e espanholas e pitadas de música árabe

Por Agencia Estado
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Nos últimos 12 meses, enquanto viajava pelo Brasil com o show em que cantava músicas de Raul Seixas, Zé Ramalho começou a preparar seu novo disco, O Gosto da Criação, que está saindo esta semana pela BMG-Ariola. Na solidão dos quartos de hotéis e camarins de teatros e emissoras de televisão, ele compôs 15 músicas e as entregou a Robertinho do Recife, seu produtor há cinco anos. O resultado é um disco em que a essência nordestina de seu som se mistura a guitarras roqueiras e espanholas, pitadas de música árabe e resquícios de rock progressivo. "Essa mistura foi intencional, pois quis um som globalizado, com disparidade de formatos, músicas que vim ouvindo há muitos anos. Nesse disco há um frevo com levada árabe, Modificando o Olhar, boleros como os dos Beatles e a música nordestina recheada de recursos tecnológicos", conta Zé Ramalho, na rodada de entrevistas para lançar o CD. "Chamei os melhores músicos de cada especialidade, como o Dominguinhos e o Yamandú Costa, que toca em O Gosto da Criação, que abre o disco. Mesmo com toda tecnologia à disposição, Zé Ramalho usa só o violão para compor, embora já pense no arranjo no momento em que faz letra e melodia. "Esse disco fala do prazer de criar, de encontrar a música e acender o rastilho de fogo a partir de uma fagulha de inspiração." A capa representa esse momento em que o artista recebe a luz da criação. Foi assim, por exemplo, com a música O Silêncio dos Inocentes, composta para Cássia Eller, pouco antes de sua morte. "Ela queria, depois do acústico, um disco só com músicas inéditas, feitas para ela. Eu pensei na imagem do Rock in Rio 3, quando ela mostrou os seios para a multidão e daí veio a música inteira", lembra Zé Ramalho. "Uma palavra, uma cena ou um som, tudo pode acender a inspiração, mas é preciso estar preparado, atento para seguir o caminho indicado." Zé Ramalho acha que a facilidade que encontrou para compor o repertório desse disco, prescindindo de parceiros, é um sinal de que está bem com suas obrigações terrenas e espirituais. "Os quatro últimos anos da década de 80 foram difíceis. As coisas voltaram a acontecer quando nos juntamos, Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldinho Azevedo e eu, para o show Grande Encontro, que era absolutamente despretensioso e virou um sucesso", recorda-se. "Daí em diante, tudo voltou ao que era e eu soube aproveitar a lição. Agora estou cheio de projetos." O mais imediato é lançar o DVD do show com músicas de Raul Seixas, que tem ainda o clipe de Metamorfose Ambulante, uma entrevista com Zé Ramalho comentando as músicas e cenas de bastidores do espetáculo gravado no Canecão. Em julho, ele começa pela Tom Brasil, em São Paulo, a turnê do disco O Gosto da Criação, mas já começa a pensar nos próximos projetos de CDs. "O primeiro vai ser só com compositores brasileiros, de Villa-Lobos a Roberto Carlos, passando por Tom Jobim, Milton Nascimento e outros. Depois, quero um disco com músicas inéditas feitas com meus parceiros, Fausto Nilo, Dominguinhos, Zeca Baleiro, Robertinho Silva. E, em 2005, quando completo 30 anos de carreira, vou gravar meu primeiro disco ao vivo, com orquestra e uma grande produção. Eu adoro o que faço e, por isso estou sempre cheio de planos e idéias para o futuro", conclui Zé Ramalho.

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