Yamandu Costa retorna às origens em 'Lida'

Nicolas Krassik (violino) e Guto Wirtti (baixo acústico) participam do 7º álbum do violonista

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Por Livia Deodato
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Só agora, em seu 7º álbum, o violonista Yamandu Costa decidiu voltar às suas origens. Lida, disco que acaba de lançar ao lado dos amigos Nicolas Krassik (violino) e Guto Wirtti (baixo acústico), traz todo aquele sabor do Sul que o gaúcho deixou para trás há cerca de dez anos. "Esperei todo este tempo porque queria apresentar um trabalho maduro", conta Yamandu. "Fiquei pensando de que maneira abordar esse tema tão regional, brasileiro, de uma forma universal." Veja também: Ouça trecho de 'Ana Terra'  A Lida literalmente começou há dois anos. Já tinha em mente, desde o início, essa formação "diferente, muito usada no jazz cigano francês, camerística, e ao mesmo tempo, popular": seu violão sete cordas, violino e baixo acústico. "Com a chegada do Guto, que é gaúcho, no Rio, a coisa se completou. É uma música de sabor. Independentemente de você tocar bem, você tem de ter a linguagem do lugar. E o Guto me trouxe isso. Fiquei muito à vontade para compor nessa onda", diz. A personagem Ana Terra, de O Tempo e o Vento, clássica obra de Érico Veríssimo, e sua máxima que diz que quando venta é sinal de morte ganharam belíssimas composições. Ana Terra e Ventos dos Mortos são músicas fortes, nas quais, mais uma vez, Yamandu pode esbanjar seu virtuosismo e talento nato. Enquanto a primeira carrega um tanto da melancolia vitalícia da protagonista, a segunda se encaixaria perfeitamente, é até mesmo essencial, na trilha sonora de uma próxima refilmagem da trilogia épica. "O Tempo e o Vento é a grande obra de Veríssimo. É onde ele resume um povo de uma maneira linda. Adoro essa profunda prosa provinciana, que consegue atingir o universal." Das 12 composições de Lida (sendo que Petite Tristesse e Ida e Volta entram como faixas-bônus), apenas 2 não são de Yamandu. O chamamé Dayanna ele tomou emprestado do paulista de Piracicaba, Alessandro Penezzi, e Encerdando, de Ricardo Martins, que traz de Santana do Livramento, do Rio Grande do Sul, a mistura de ritmos típicos gaúchos com outros uruguaios. A faixa que dá nome ao título foi composta com base no livro Contos Gauchescos, de João Simões Lopes Neto. "Lida é o trabalho de campo, é o trabalho do homem do campo. Quis fazer um disco com essa característica, mostrando um pouco mais esse lado, afinal, fazia tempo que eu não mostrava", diz. Os shows de lançamento do novo álbum estão previstos somente para os meses de março e abril. "Devemos entrar em temporada pelas capitais do Brasil. Com certeza passaremos por São Paulo, no Ibirapuera, de repente", diz o gaúcho nascido em Passo Fundo em 1980 que há alguns anos mora no Rio. Antes disso, na primeira quinzena de janeiro, Yamandu vai gravar um disco ao vivo com um de seus parceiros mais fiéis, o bandolinista Hamilton de Holanda, no Auditório Ibirapuera. Também no primeiro mês do novo-ano, Yamandu vai lançar o seu primeiro álbum-solo, Mafuá, pela Acoustic Records, mas por enquanto só na Alemanha. Paris também o aguarda para uma turnê de dois meses entre julho e agosto. Definitivamente, Yamandu nunca foi regional.

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