Yamadú Costa impressiona na final do Visa

Em uma noite em que todos os concorrentes eram brilhantes, violonista gaúcho, de 20 anos, promoveu uma festa que tanto emocionou quanto divertiu a platéia

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Por Agencia Estado
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Yamandú Costa escolheu, para sua apresentação na final da 4º edição do Prêmio Visa - Edição Instrumental -, três peças clássicas do repertório brasileiro, duas delas no fio divisório do popular e do erudito - O Trenzinho do Caipira, de Villa-Lobos, e Brasiliana, de Radamés Gnatalli. O outro número que apresentou - por sinal, o melhor de sua apresentação - foi Brejeiro, de Ernesto Nazaré. Além de grande música ("um vulcão, uma força da natureza", ouviu-se sobre ele), Yamandú é um homem-show, um mestre no entretenimento, que usa os movimentos do corpo, as expressões faciais como parte integrante das interpretações. Fez das 16 notas reiterativas da introdução do corta-jaca Brejeiro uma festa que tanto emocionou quanto divertiu a platéia. Seu estilo, em arroubos, em fortíssimos alternados com momentos delicados, parece brotar, sem comando, de uma sensibilidade que nunca vê vazão suficiente. Precisa, certamente lapidar o talento. Tem apenas 20 anos. O tempo poderá cuidar disso. "Ele é um gênio. Nunca houve performance violonística como a dele, no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo", disse Guinga. Yamandú tem qualidades para ser o grande violonista brasileiro do novo século. Fala-se mais dele, foi o vencedor. Mas os outros concorrentes da quarta edição do Prêmio Visa eram todos brilhantes. O guitarrista Diego Figueiredo é um músico com qualidades para brilhar em qualquer palco internacional, nos mais seletos festivais de jazz, como observou o violonista Paulo Bellinati. O Trato a Três é formado por músicos excepcionais que conseguem trabalhar como trio, não como encontro de três virtuoses - e isso não é coisa simples ou comum. Já Heloísa Fernandes é, além de elaborada e delicada recriadora de temas conhecidos, dona de uma exuberância técnica que nada fica a dever aos melhores pianistas que se possa ouvir. O Duofel promove uma rara simbiose de dois violões - a obra deles, registrada em vários discos, é brilhante, viva, vibrante. Mas entre tantos bons, era preciso que houvesse um vencedor. Yamandú Costa soube resumir, no agradecimento: "Nesta noite, venceu a música brasileira." Venceram todos.

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