Xangô da Mangueira é homenageado com CD e livro de fotos

Publicaçãp com CD encartado é uma iniciativa da Associação Brasil Mestiço

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Por Agencia Estado
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Mais de seis décadas de samba, patrimônio da escola de Cartola e de Nelson Cavaquinho, Xangô da Mangueira é o homenageado de um livro/CD patrocinado pela Eletrobrás e pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). O sambista de 83 anos - que é diretor de harmonia da Verde-e-Rosa desde a década de 50 e já foi seu intérprete oficial, antes de Jamelão assumir o posto -, teve canções pinçadas pela produtora Luciane Menezes, incansável pesquisadora de música popular. Elas vêm acompanhadas de uma bela seleção de fotos do mestre. As músicas foram compostas há muitos anos, mas nunca entraram num CD. Este, aliás, é apenas o segundo CD de sua prolífica carreira. "Ele compõe desde os 12 anos. É uma obra imensa", conta dona Sônia, casada com Xangô há 20 anos e organizadora de sua memorabília. O primeiro CD, que incluiu algumas músicas inéditas, saiu no ano passado, fruto de um projeto especial da Petrobras. Foi distribuído em bibliotecas, associações culturais e escolas. Xangô deu rápida entrevista ao Estado, pelo telefone, por intermédio da mulher, com quem vive no bairro de Irajá - bem longe de sua Mangueira, onde morou quando era mais jovem. Disse que ficou "muito feliz" com o resultado do trabalho. E que gostaria de ir além e contar todas as suas histórias, num livro de memórias. "Tem muita coisa para contar. É um sonho antigo", justificou. De fato, difícil relembrar tantos anos de samba em poucas páginas. Mas as belas fotos que integram o livro, de Bruno Veiga, e a apresentação do jornalista Marceu Vieira dão a dimensão da nobreza do retratado. O sambista é mostrado no Palácio do Samba, templo da escola do Morro da Mangueira, e na companhia da mulher - a quem dedica o livro, singelamente, dizendo que ela lhe "mostrou o rumo certo da vida e o verdadeiro budismo" (depois de freqüentar terreiros de candomblé no subúrbio carioca, nos quais se apresentava cantando, o homem registrado como Olivério Ferreira, que ganhou apelido de orixá ainda menino, converteu-se à religião oriental). Lançado oficialmente no mês de setembro, com show na Casa Brasil Mestiço, na Lapa (que é tocada por Luciane Menezes), o CD inclui oito composições de Xangô, com antigos parceiros, e cantadas por ele, além de cinco outras músicas, de outros bambas. Luciane conta que pesquisou a obra em quatro vinis antigos, gravados nos anos 70 e início da década de 80 (o último lançamento foi em 1982). "Fiquei encantada", diz ela, que é cantora e cavaquinista e participou do projeto fazendo coro. Uma iniciativa da Associação Brasil Mestiço, a publicação, com o CD encartado, pode ser adquirida, por R$ 40, pelos telefones (021) 3371-7819 ou (021) 2235-5650.

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