Wiz Khalifa se aproxima do pop e volta a São Paulo hoje e testa a força do hit ‘See You Again

"Sempre ouvi de tudo. E levo isso para as minhas músicas, essas influências. E estou ficando cada vez melhor", diz rapper

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Já faz tempo – e ainda bem – que o hip hop não precisa mais se prender à sisudez do gênero como se via na virada dos anos 1980 para a década seguinte. E isso vale para tudo, de estética e figurino ao conteúdo dos versos falados. Ainda se combate o sistema? Sim, mas essa caixinha já foi aberta. Figura desse novo hip hop, Cameron Jibril Thomaz, mais conhecido pelo nome de Wiz Khalifa, tinha somente um ano de idade quando discos essenciais como It Takes A Nation Of Millions To Hold Us Back, do Public Enemy, e Straight Outta Compton, do N.W.A., foram lançados, em 1987. Hoje, ele divide espaço e atenção daqueles que figuram no topo e disputa prêmios importantes como Globo de Ouro e Grammy. 

Na primeira vinda dele ao Brasil, em 2013, Khalifa havia sido recentemente eleito entre uma das estrelas mais poderosas com menos de 30 anos pela revista Forbes. Na época, foi um pouco pedante: “Quem me conhece sabe que estou apenas começando.” Foi profético, também. Neste domingo, 28, ele encerra a nova passagem pelo País, com show em São Paulo, no Espaço das Américas, e realmente é um artista maior do que aquele que passou por essas bandas três anos atrás. 

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A carreira já ascendente de Khalifa deu de encontro com uma franquia de filmes de sucesso e acelerou com os carros de Velozes e Furiosos. O rapaz foi chamado para criar a canção-tema da sétima parte da cinessérie. Foi, desfortunadamente, também o episódio marcado pela morte do ator Paul Walker, em um trágico acidente de carro durante um intervalo de férias das filmagens. A música tributo ao ator See You Again, carregada de sentimentos de perda, com refrãos cantados por Charlie Puth, estourou. 

Ela, por exemplo, detém o recorde de faixa mais ouvida em uma única semana no mundo inteiro no serviço de música por streaming Spotify nos Estados Unidos. Foram 21,9 milhões de audições entre 6 a 12 de abril de 2015, entre outros recordes em países como Estados Unidos e Inglaterra. 

Com ela, Khalifa também foi levado para o tapete vermelho das premiações do cinema. Foi indicado ao Globo de Ouro de melhor canção original em cerimônia realizada recentemente. Não levou, perdeu (injustamente, diga-se de passagem) para Writing’s On The Wall, criada por Sam Smith para 007 Contra Spectre, uma canção modorrenta e pouco criativa. Ele e Charlie Puth estão indicados a três categorias do Grammy: canção do ano, melhor performance em dupla/grupo e melhor canção para mídia visual. 

De volta a See You Again. Depois dela, a agenda do moço se intensificou – o que era de se esperar. Foram dez minutos cravados ao telefone. De Los Angeles, onde hoje vive o rapper natural de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Lá, desde 2012, todo dia 12 de dezembro é comemorado o Dia de Wiz Khalifa. 

“Eu tinha certeza que essa música (See You Again) seria um grande sucesso”, ele diz, sem modéstia. Khalifa foi chamado para participar da composição ao lado de Puth, DJ Frank E e Andrew Cedar depois da morte de Walker. A faixa começou pelo pop, com Puth compondo os versos inspirado na triste memória da perda de um amigo. E o teria escrito em 10 minutos. Khalifa chegou depois. “Quando os produtores chegaram até mim, deram algumas direções. Haviam algumas peças-chave que não poderiam faltar, que deveriam estar na música e que tivesse a ver com o filme.” 

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O vídeo que ilustra a canção, ilustrado de imagens de Walker durante a série cinematográfica, também foi sensação na web, rompendo a barreira das 1 bilhão de visualizações. Atualmente, são 1,3 bilhões. Um número pouco mais de cinco vezes maior do que o segundo clipe mais visto do rapper, Young Wild and Free, uma parceria com Snoop Dogg, de 2012. 

Khalifa sabe que essa exposição extra lhe trouxe um público que não está acostumado ao seu hip hop, suas rimas nunca intrincadas, batidas por vezes pesadas e graves e a vibe que emana o clima sul-californiano – e que em nada lembram a melodia grudenta de See You Again. O rapper tem cinco discos lançados e prepara o próximo, que levará seu sobrenome artístico no título, e chegará às lojas na próxima sexta-feira, 5. Uma discografia extensa, iniciada com mixtapes quando o rapaz ainda tinha 16 anos. 

“Consigo entender que grande parte desse sucesso todo que tem me acompanhado em 2015 é relacionado com essa música. See You Again começou a tocar muito na rádio. Agora, é hora de fazer as pessoas prestarem atenção em mim, como artista”, ele pondera. “Quero que as pessoas entrem no meu mundo. Quero fazer isso com muita música. É uma boa posição para se ocupar, entende?” 

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Khalifa, o disco, terá a tarefa de agradar fãs recentes e mais antigos. “Tenho ali canções com mensagens de motivação, como eu sempre fiz, embora eu acho que esse período está mais inspirado”, ele explica. Ele diz que sua temática está mais leve agora, já que há três anos se tornou pai de um garotinho chamado Sebastian Taylor. “Sempre penso que gostaria que meu filho gostasse de ouvir as minhas músicas”, ele pensa. E, sem medo, ele está pronto para abraçar o pop. “Meu pai ouvia coisas antigas. Sempre ouvi de tudo. E levo isso para as minhas músicas, essas influências. E estou ficando cada vez melhor.” 

Wiz Khalifa.  Espaço das Américas. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda. Hoje (domingo), às 21h.  De R$ 180 a R$ 340. 

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