PUBLICIDADE

White Lies anima público com seu repertório fúnebre

Em evento beneficente, banda britânica toca pela primeira vez no Brasil em show rápido e eficiente

Por Marcio Claesen
Atualização:

Os saltos altos e os vestidos vaporosos e floridos das muitas moças que chegavam ao Hotel Unique nesta sexta-feira 10 deixavam dúvidas sobre o que poderia acontecer com o show do White Lies, atração principal do Design for Humanity. O evento beneficente, em prol da Unicef, incluía uma vernissage, um desfile da grife patrocinadora e open bar, o que talvez tenha chamado atenção de plateias distintas. Assim que começou o show, entretanto, ficou claro: a banda britânica havia, sim, encontrado seu público.

PUBLICIDADE

A Place to hide, a primeira canção da noite, deu a partida para que os fãs entoassem, em uníssono, um a um os intricados versos de todas as canções do show, baseado no primeiro álbum do grupo, To Lose My Life (2009). Logo após, quando os ingleses "gastaram" a faixa-título e seu maior hit colocando-a como a terceira do setlist, a comprovação: eles sabiam o que estavam fazendo. As 12 músicas foram celebradas como se cada uma fosse o grande clássico do grupo, inclusive Holy Ghost, Strangers e Power & Glory, três faixas do novo trabalho da banda, Ritual, que será lançado em janeiro.

A voz potente de Harry McVeigh - só ele não acha que seu timbre e o som de sua banda são uma comparação natural com Ian Curtis/Joy Division - contrasta com seu gestual de pouco efeito de um garotão que podia ter sido escalado para interpretar algum personagem nerd em um filme do Guy Ritchie. Além de alguns sorrisos, ele mal se comunica com a plateia, diz que está feliz por estar em São Paulo, mas não apresenta a banda, que conta, em suas apresentações, com reforço de Tommy Bowen (nos teclados), além dos dois outros integrantes, Charles Cave (no baixo e vocais) e Jack Lawrence-Brown (na bateria).

Versos mórbidos, por sinal, aparecem em todas as músicas. "Você tem sangue em suas mãos/ E eu sei que é meu", ou "Vamos envelhecer juntos/ E morrer ao mesmo tempo" fazem o White Lies celebrar culpa, dor, solidão e até amor, mesmo que por vias tortas. A última canção, Death, se encarrega de fechar essa espécie de obituário musical que, ao contrário, só revigora o público no final do show.

Setlist

A Place To Hide Holy GhostTo Lose My Life Bigger than us    Peace & Quiet     E.S.T.     From The Stars     Strangers     Unfinished Business     Farewell To The Fairground      Power & Glory Death

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.