Wander Wildner lança oitavo disco da carreira solo com show em SP

Ex-vocalista dos Replicantes relembra trajetória e fala sobre a cena rock 'n' roll: 'Os Stones e o AC/CD sempre fizeram a mesma coisa'

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Por João Paulo Carvalho
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Wander Wildner faz o tipo canastrão. Recém-chegado de Porto Alegre numa gélida manhã de quarta-feira, o músico recebe a reportagem do Estado no aeroporto de Guarulhos com um sorriso tímido. Nem parece o poeta falastrão e boca aberta que relata desilusões amorosas e noites de bebedeira em suas composições nos mais de 20 anos de carreira. “Morei em São Paulo por 5 anos. Não curto nenhuma cidade grande, já passei por Berlim, Lisboa e Rio de Janeiro. Não me adaptei em nenhuma delas. Gosto mesmo é de ficar no meu canto”, afirma o cantor e compositor.  Ex-líder de uma das bandas mais importantes da história do punk rock brasileiro, Os Replicantes, Wildner, que faz show nesta quinta, 23, à noite no Sesc Pompeia para lançar novo disco, Existe Alguém Aí, o oitavo da carreira solo, olha admirado para o excesso de veículos nas ruas da capital paulista. “Tem muito carro nessa cidade, não é?”, diz, visivelmente espantado. Desabafos do cotidiano à parte, o gaúcho deixou as baladas de amor de lado - pelo menos por enquanto - para escrever sobre a situação social do País. “Meus discos sempre possuem alguma temática. Dessa vez, portanto, faço uma reflexão mais aprofundada do nosso momento atual”, afirma. Mesmo com um repertório novo, o set da apresentação desta noite será recheado de grandes clássicos. Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu te Amo, Bebendo Vinho, Amigo Punk e Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro estarão certamente presentes. “Mesmo com este novo trabalho, optei por fazer um show com mais hits. São 22 músicas e 1 hora e meia de apresentação. Os fãs sentem falta de alguns clássicos, por isso decidi deixar a performance mais encorpada”, relata ainda Wander.

Clássicos. Apresentação vai reunir hits do músico gaúcho Foto: Felipe Rau/Estadão

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O disco Acústico MTV - Bandas Gaúchas, lançado em 2005, foi o divisor de águas na carreira de Wander Wildner. Além dele, participaram da gravação os grupos Bidê ou Balde, Cachorro Grande e Ultramen. O músico reconhece que o disco acabou sendo primordial para sua continuidade na música. “Foi um momento muito bacana. Deu visibilidade para todos do Sul. A ideia inicial era fazer uma turnê pelo País, mas os custos ficaram acima do planejado e acabou não rolando”, revela. Balanço. Quando o assunto é rock ‘n’ roll, Wander Wildner é enfático. Para ele, não existe mais uma cena forte e atuante quanto as das décadas de 1980 e 1990. “O rock, infelizmente, se tornou antiquado. Depois dos 23 anos, você aprende a ouvir música como um todo, não só o rock. O gênero serve para você se sentir inserido em alguma tribo. Gosto dos caras que se reinventam dentro do estilo. Veja o David Bowie e os Beatles, por exemplo. Agora os Rolling Stones e o AC/CD sempre fizeram a mesma coisa. Não estou dizendo que é algo ruim, não é isso. Mas trata-se de um formato tão engessado. O que é o rock hoje em dia?”, questiona também Wander Wildner.

WANDER WILDNER Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93. Tel. 3871-7700. Show, quinta, dia 23, às 21h30.  De R$ 6 a R$ 20

Bebendo Vinho

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