Wagner Tiso planeja sistema de orquestras escolares

O maestro entregou ao governo federal o projeto de um Sistema Brasileiro de Orquestras Infantis e Juvenis, que fomentaria a música e a formação de orquestras em escolas públicas

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Por Agencia Estado
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O compositor e maestro Wagner Tiso sonha em criar orquestras e corais nas escolas públicas do Brasil, do ensino fundamental às universidades. Além de sonhar, ele chamou um consultor em organização empresarial, Ronaldo Marques Gomes, para formatar o Sistema Brasileiro de Orquestras Infantis e Juvenis, já enviado aos ministros da Educação, Cristóvão Buarque, e da Cultura, Gilberto Gil. A resposta oficial ainda não veio, mas Marques, Wagner e a mulher dele, Gisele Tiso, já receberam apoios tão variados como do Grupo AfroReggae e do violonista e diretor do Museu Villa-Lobos, Turíbio dos Santos, de Viviane Senna e Carlinhos Brown. Wagner e Marques não detalham como as orquestras funcionariam, mas têm exemplos de sucesso. "Até os anos 60, as escolas tinham aulas de música, corais e orquestras, uma idéia do compositor Villa-Lobos, que vinha dos anos 30. Na Venezuela, um projeto semelhante começou nos anos 70 e eles hoje têm 160 orquestras envolvendo mais de 100 mil crianças e adolescentes", diz Wagner. "O ensino da música e sua execução em grupo é uma forma de exercitar a cidadania. Além disso, a formação de orquestras é uma grande fonte de empregos." No Brasil de hoje também há exemplos, embora em menor escala. "Em Volta Redonda, o maestro Nicolau Martins inventou Do Aço ao Clássico, com ensino de música e fabricação de instrumentos, uma área em que faltam profissionais. Chegaram a um estágio que encomendam arranjos. Eu mesmo já fiz alguns", comenta o músico. "Em todo o País, há cursos privados de música, com muita procura. É assim em Três Pontas (cidade natal de Wagner), no Rio ou em Cordeiro, no interior fluminense, onde há uma oficina de choro muito interessante. Esses cursos suprem uma lacuna do Estado e o que falta é levá-los para dentro das escolas públicas." O maestro já se envolveu com experiências semelhantes antes, mas nenhuma delas foi para a frente. Nos anos 80, em Belo Horizonte, ele e Milton Nascimento criaram a Escola Livre de Música, que não sobreviveu por questões políticas. Anos depois, tentou um projeto educativo no Rio, mas ficou refém de entraves administrativos da Fundição Progresso, espaço cultural do centro do Rio. Wagner, Gisele e Marques se empenham em conseguir o maior número possível de apoios. Tem sido fácil, já que a idéia encanta. E pelo jeito irresistível de Wagner convencer. "Eu sonhava em criar uma orquestra. Agora quero ouvir centenas, milhares", afirma o maestro.

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