PUBLICIDADE

Vocalista do fun. se lança em carreira solo: 'Gostei da solidão'

Nate Ruess busca sua reinvenção no pop com o disco 'Grand Romantic'

Por Pedro Antunes
Atualização:

Três hits bem executados em rádios e dois gramofones do Grammy na estante. De músico rejeitado por uma gravadora a grande nome da música pop de 2011. Nate Ruess, líder do trio fun. e responsável por incendiar as pistas de dança de todo o mundo com a canção We Are Young, não imaginava que estaria, um dia, no centro das atenções. 

Encarou, frente a frente, a indústria fonográfica, velejou como pôde entre seus prazeres e desprazeres. Após uma turnê massiva com o álbum Some Nights (2011) – aquele que o catapultou ao topo das paradas graças a um refrão grudento, uma grandiosidade pop que não se ouvia desde o Queen e a doses de invencionices ao fundir tudo isso a elementos do hip hop –, o trio decidiu descansar antes de voltar ao estúdio para aquele que seria o terceiro disco do fun.. Ruess aproveitou o fim de três anos na estrada com meses de solidão. Uma ou outra canção começou a brotar e o fun. foi colocado em estado vegetativo. Ruess partiu para a carreira solo com o álbum Grand Romantic (Warner Music), lançado recentemente. 

 Foto: Normal Seeff/Divulgação

PUBLICIDADE

O músico, considerado uma revelação tardia do pop, chega aos 33 anos experimentando novamente a sensação de construir uma carreira do início – de novo. Entre 2001 e 2008, integrou a banda The Format, com a qual conseguiu relativo sucesso, lançou dois discos, mas acabou largado pela gravadora. Foi Ruess quem anunciou, no site oficial da banda, que o grupo havia chegado ao fim. Ou, “entrado em um hiato por tempo indeterminado”, como ele escreveu. 

A história se repetiu com o fun., embora tenha atingido escalas globais. Novamente dois discos depois, Ruess descobriu que precisava se reinventar. Assim como aconteceu com The Format, ele não nega uma reunião com os antigos companheiros de fun., Andrew Dost e Jack Antonoff, mas entende que a primeira aventura solo dele é a prioridade no momento. 

“Foram uns 12 anos tocando com uma banda”, relembra o músico. “Não me entenda mal. Eu olho para trás e várias coisas maravilhosas aconteceram. Fiquei muito contente e orgulhoso com a última turnê com o grupo. Depois dela, passei um tempo sozinho. E acho que gostei da solidão. Comecei a escrever, compus canções bastante pessoais”, relembra. 

Ruess conta que o teor das novas canções, tão pessoais para ele, não fariam sentido no contexto do fun.. Grand Romantic traz declarações de amor à vida – e ao relacionamento dele com a estilista Charlotte Ronson. Nothing Without Love, primeiro single, não tem semelhança alguma com We Are Young. Deixa de lado aquela síndrome de Peter Pan que parecia afetar Ruess quando a compôs. O desejo de ser jovem para sempre é trocado pelo grito quase desesperado de manter perto de si aquela que se ama – uma maturidade que enfim chegou a Ruess. 

Os antigos companheiros de banda não se mostraram felizes com a decisão do músico em seguir em carreira solo, mas as 12 canções do álbum de estreia não parecem dialogar com o exibido em Some Nights. O próprio Ruess admite que as canções daquele disco não exibiam todo potencial de letrista dele, mesmo que tenham se tornado um sucesso enorme. 

Publicidade

“Se houvesse algo que pudesse falar das composições de Some Nights, diria que talvez elas fossem um pouco robóticas, ainda que eu seja extremamente orgulhoso do que fizemos ali”, admite. “Para Grand Romantic, contudo, eu decidi dedicar ainda mais tempo às letras. Foi algo que escolhi fazer. Ao ouvir o álbum, queria sentir algo, que aquelas palavras me tocassem.” 

Assim que terminou as gravações do álbum, Ruess apertou o botão de play no estúdio e deixou o álbum tocar. Ao fim dos 46 minutos de duração, quando o Brightside, a última do álbum, chegou ao fim, seus olhos estavam inundados em lágrimas. “Eu chorei, sim. Acredite.” 

Sobrinho de um cantor da Broadway, Ruess talvez tenha se escondido atrás de bandas, para que lhe protegessem de encarar um álbum como cantor, algo que sempre quis. “Quando eu era criança, a única coisa que pensei em fazer era cantar”, revela. “E meu tio sempre de deu confiança para fazer isso. Tento ser bom tecnicamente. E faço isso por ele.” 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.