"Vivo a vida com poesia", diz Baleiro

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Por Agencia Estado
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Zeca Baleiro tem uma história com Belo Horizonte. Graças a algumas coincidências de datas, foi possível realizar a pré-estréia de seu novo show na cidade e ele aprovou prontamente a idéia. Eternamente em busca da poesia, Zeca mostra aos mineiros o novo trabalho, recheado de novidades e conta um pouco sobre sua carreira e Líricas . Estadao.com.br - Como você define seu novo trabalho, o CD Líricas? Zeca Baleiro - Eu sempre quis fazer um disco de canções com essa textura de violões... Os meus dois outros discos trazem toda uma mistura de ritmos, uso de elementos tecnológicos e esse disco vai na contramão disso. É mais acústico, com violões, mais suave. É um disco trabalhado na letra, na melodia, um disco para as pessoas "ouvirem na poltrona..." Por que este show de pré-estréia? A estréia estava marcada para 3 e 4 de novembro em São Paulo. Aí pintou um convite de um produtor com quem a gente já tinha trabalhado e propôs essa data para a gente fazer Belo Horizonte. E eu pensei "por quê não?", já que Belo Horizonte é tão importante na minha história... Por quê? Eu já morei em Belo Horizonte. Passei duas temporadas curtas, mas intensas. Na primeira delas eu tinha 19 anos e ir a BH me ajudou a definir se eu seria mesmo músico profissional. Como vai ser o este show? Tem algumas surpresas, vai ter canções do novo disco e dos outros discos, como Bandeira. Vai ter também músicas novas, do Noel Rosa, do Lennon. Estou fazendo um repertório bem móvel, ensaiando várias canções para cada show ter um repertório diferente. Como você avaliou a turnê do seu último trabalho, Vô Imbolá? O show foi muito bem recebido, fizemos cerca de 110 apresentações no espaço de 1 ano e dois meses e mais de 100 mil pessoas. Você trabalha muito com trilhas para cinema e teatro. Como você encara esses projetos? Eu gosto deste tipo de trabalho porque eu gosto de trabalhar com outras linguagens. Inclusive agora eu estou com um espetáculo, o Mãe Gentil , no Rio, que é uma mistura de música, teatro, dança... Eu fiz as músicas para o espetáculo e também canto, sou uma espécie de narrador e também danço. É muito bacana e trabalha com crianças de comunidades carentes. Quais são as suas influências na sua carreira musical e também em termos de literatura? Eu sempre gostei de poesia, meu pai gostava de ler e incutiu na gente o gosto pela leitura. Eu li os grandes escritores brasileiros, Manuel Bandeira, os grandes poetas franceses, também Drummond, João Cabral e os outros como Rimbaud, Pessoa e Baudelaire. E também sempre gostei muito da música popular, com Noel, Chico Buarque e o rádio, que foi uma grande influência. Eu ouvi todo tipo de música, criei em mim um gosto aberto e abrangente pela música popular. Você considera seu trabalho popular? Na verdade, ele é considerado um tanto quanto refinado e restrito a um certo tipo de público. A música popular é a arte de maior alcance. E o sonho de todo artista é chegar ao maior número de pessoas, ser ouvido pelo maior número de pessoas. Mas se isso significa diminuir a qualidade, baixar a guarda do trabalho, então é uma troca que não vale a pena. Eu acho que cada vez mais eu atinjo um número maior de pessoas. É lógico que eu queria ser ouvido pelo povo, pelas pessoas simples, humildes, mas isso tem a ver com todo um quadro político e social. Você se considera um poeta? Eu acho que sim... Eu sigo a minha vida nos ideais da poesia. Não só no sentido literário, mas também no sentido cotidiano. Vivo a vida com poesia...

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