‘Viva sem medo’, será a mensagem de Ricky Martin na música da Copa

Cantor está no Rio para gravar clipe da canção oficial do evento

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Por Julio Maria
Atualização:

Setenta milhões de discos vendidos e uma missão, segundo ele mesmo. "A música é só um veículo", diz Ricky Martin sentado sorridente em uma sala no primeiro andar do Hotel Fasano, no Rio de Janeiro. O portorriquenho recebeu o Estado para uma conversa sem pré condições definidas. Quando uma assessora tentou impedir o assunto sexualidade - ele assumiu em 2010 ser homossexual - o próprio artista pediu: "Não, por favor, ele está perguntando uma coisa importante."

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A "missão" oficial de Ricky é divulgar e gravar um clipe para a música Vida, vencedora de um concurso promovido pela gravadora Sony, o SuperSong, que estará no disco oficial da Copa do Mundo. Nesta terça, 11, e quarta, 12, ele grava o clipe da canção no Rio de Janeiro, com o autor Elijah King.

O que te faz, depois de 70 milhões de discos vendidos, estar em um projeto como esse andando pelo mundo com um artista desconhecido? Quando você recebe uma ligação da Fifa, tem que dizer sim. Eles uniram forças com a Sony, algo bom tinha que sair.

O fato de você estar em um projeto musical sobre a Copa do Brasil em sem ser músico brasileiro em um país com tanta riqueza cultural trouxe um incômodo sobretudo em parte da classe musical. Muitos prefeririam um brasileiro neste posto.Não vou levar o nome do Brasil, mas o nome da música com o esporte. Só posso gradecer que o Brasil segue me abrindo as portas. Minha música foi influenciada por ritmos brasileiros e só estou aqui aprendendo. Conheço a riqueza cultural de vocês, conheço Carlinhos Brown.

O futebol é um ambiente nada tolerante com relação à sexualidade. Eles jamais assumem ser homossexuais sob pena de sofrerem represálias de suas torcidas e serem demitidos por seus clubes. Acredita que poderia sr diferente?Não é algo cultural do Brasil. Não é algo de famílias latinas. Acontece na Alemanha, acontece no Canadá, onde existe muita homofobia. A religião não ajuda. É triste, mas a religião me fez pensar que aquilo que eu sentia (por outros homens) era coisa do diabo. O problema não é do esporte, é da sociedade que vem martelando esse preconceitos por séculos. Só posso dizer que minha vida é maravilhosa. (A assessora da gravadora interrompe, pedindo que o repórter faça outra pergunta) Não, deixe ele perguntar porque isso é muito importante.

Ok. O que você diria para esses jogadores que não assumem suas condições?(Ricky faz pausa) Que a vida é maravilhosa quando você vive com transparência e os medos só estão em nossas cabeças. A repressão nunca é justificada.

Mesmo que eles paguem o preço com uma demissão de seus times?Mas isso nunca aconteceu. Esse é o medo que estou dizendo! Não existe uma história assim. Só pensam que vai acontecer e não fazem. Aconteceu o mesmo comigo. Eu pensei que iria perder tudo, e não sabia o que iria acontecer com minha carreira se assumisse. e depois que assumi foi melhor ainda.

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Você cuida de crianças vítimas da escravidão sexual. Quantas crianças sua instituição já conseguiu tirar da situação de exploração sexual no mundo? Trabalhei em um orfanato com 167 meninas e agora estou abrindo um centro em Porto Rico, com mais 100 meninos e meninas que poderiam entrar no mundo da escravidão sexual.

Suas fase de Menudos parece ter sido um fardo pra você, com 12 anos de idade e todas aquelas pressões do show bizz?Menudos foi um fenômeno. Começamos a turnê no Brasil, em Belém, para 90 mil pessoas, e terminamos em São Paulo para 100 mil. Aquilo marcou uma geração.

Mas aquele momento não traz a você as melhores lembranças, certo?Ninguém tem as melhores lembranças da juventude. Você não sabe quem é, suas mãos são grandes, as orelhas também, é uma loucura. Mas se tivesse que voltar, faria tudo igual. Quando eu tinha 12 anos, dei a volta ao mundo. Com 15 eu estava no palco com Michael Jackson. Cantei com Luciano Pavarotti, Sting, Bono. Estou bem, não?

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