Violinista de 18 anos acompanha Orquestra de Viena

Nascida na Rússia e radicada na Áustria, Lidia Baich foi descoberta aos 16 anos e já se apresenta como solista da Orquestra Sinfônica da Rádio de Viena, que abre nesta sábado sua primeira turnê pelo Brasil

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Por Agencia Estado
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O mundo descobriu Lidia Baich aos 16 anos, quando conquistou o prêmio de jovem músico revelação no Grand Prix de Violino, na Europa. Na ocasião, recebeu o prêmio de Yehuid Menuhin, um dos maiores violinistas do século. "Uma grande emoção", conta a violinista, que se apresenta em São Paulo ao lado da Orquestra Sinfônica da Rádio de Viena, na primeira turnê da orquestra pelo Brasil, sob regência do austríaco Ralf Weikert. Ela, atualmente com 18 anos, vai tocar como solista o Concerto para Violino e Orquestra, de Mendelssohn. Um dos símbolos da música romântica, o concerto de Mendelssohn foi composto em 1844 e, desde então, é um dos preferidos tanto pelo público como pelos violinistas de todo o mundo. A razão da preferência dos violinistas por esse concerto, para muitos, está no fato de estabelecer um intenso diálogo entre a orquestra e o instrumento, do qual este sai "vitorioso". Para Lidia, trata-se de uma peça bastante atraente. "Eu amo esse concerto pois, de certa forma, ele é jovem, com um frescor impressionante e é papel do intérprete buscar a atualização da partitura, trazer algo de novo ao processo de interpretação", diz a violinista, que lembra uma ocasião em que o interpretou recentemente. "No ano passado eu o toquei com a Filarmônia de São Petersburgo, regida por Yuri Termikanov, e foi uma experiência sensacional", recorda. A identificação com o concerto, no entanto, tem raízes mais profundas. Lidia confessa ser aficionada pelo período romântico. "É um momento crucial para se entender a história da música e, além disso, acredito que o romantismo seja importante também na nossa vida pessoal." Vitória - Lidia nasceu em São Petersburgo, em uma família de músicos. Seu pai era violoncelista e seu avô materno era spalla da Orquestra Filarmônica de São Petersburgo. Em tal ambiente, o interesse de Lidia pela música surgiu de maneira natural. "Sempre ouvia meus avós e meu pai tocarem em casa e os acompanhava em concertos de forma que a música passou a fazer parte de minha vida, de quem eu sou." De fato, com 2 anos ela já arriscava alguns acordes no piano e, aos 5, insistiu em ganhar seu violino, que os pais mandaram construir especialmente para ela. Aos 4 anos, Lidia foi para a Áustria, acompanhando sua família. Apesar de retornar "sempre que possível" à Rússia, para visitar seus avós, ela, no entanto, não pensa em voltar ao seu país de origem. "Embora a Rússia seja presença constante em minha vida, hoje me sinto austríaca." Da mesma forma, os austríacos consideram Lidia seu patrimônio. Quando ela venceu, há dois anos, o Grand Prix, certo jornal chegou a afirmar: "Uma vitória para a Áustria - Finalmente!" Também o governo austríaco reconhece e aposta em seu talento: atualmente, Lidia toca em um violino Carlo Bergonzi de 1723, cedido pelo Banco Nacional da Áustria. Lidia tem se apresentado com grandes orquestras como a Filarmônica de São Petersburgo, a Filarmônica de Hong Kong, a Orquestra Sinfônia NHK de Tóquio, a Wiener Concertwerein e a Orquestra de Câmara de Viena. Ainda estudando no Conservatório de Viena, sob a orientação do renomado violinista Boris Kuschnir Lidia lembra que um dos principais momentos de sua carreira foi aceitar o convite para se apresentar, em abril passado, com a Orquestra da Rádio da Baviera, sob a regência de seu diretor Lorin Maazel. Apesar de seu repertório atual ser formado em grande parte por peças do repertório tradicional, Lidia tem vontade de explorar e estudar, cada vez mais, o repertório contemporâneo. "Há muita coisa interessante como, por exemplo, algumas peças de Prokofiev, Schoenberg, Shostakovich que quero tocar." No entanto, tudo a seu tempo: "Agora é melhor eu continuar me dedicando ao repertório tradicional, mas, em breve, espero poder ampliar minha área de atuação." Lidia nutre, também, uma paixão pela possibilidade de unir a música clássica com a música popular. "Quero fazer jazz, ragtime e muita música de câmara, pois acredito que isto será importante para minha formação." Radio Symphonieorchester Wien - Sábado, às 15 horas. Grátis. Parque do Ibirapuera - Praça da Paz. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 574-5177. Dias 4 e 5, às 21 horas. De R$ 40,00 a R$ 140,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698.

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