Versão "limpa" da "Traviata" estréia em Santos

Ópera de Verdi terá, à frente da Sinfônica da cidade, o maestro Luiz Gustavo Petri, que quis livrá-la de "tradições questionáveis"

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Por Agencia Estado
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Estréia nesta quinta-feira no Teatro Municipal Brás Cubas, de Santos, uma nova produção da ópera La Traviata, do italiano Giuseppe Verdi. Com regência de Luiz Gustavo Petri, a ópera terá no elenco a soprano Rosana Lamosa, como Violetta Valèry, o tenor Fernando Portari, que será Alfredo, e o barítono Sandro Christopher, como seu pai, Giorgio Germont. "É a primeira vez que vou reger a ópera na íntegra; acredito que a principal preocupação deve ser com uma leitura simples, eficiente, bonita, sem ser pedante", diz Petri, maestro que, além do trabalho desenvolvido com a Sinfônica Municipal de Santos, da qual é criador, é constantemente convidado a reger as orquestras de teatros de São Paulo, Rio, Amazonas, e a Osesp, com a qual fará sua estréia no segundo semestre. "Quando você estuda com cuidado a partitura, percebe que muitas coisas foram sendo acopladas a ela, tornando-se tradições de interpretação muitas vezes questionáveis." Neste sentido, Sandro Christopher acredita que a produção santista busca uma "versão mais limpa" da obra. Fernando Portari chama a atenção para o fato de que muitas tradições e costumes ligados à partitura atendiam a situações que hoje não existem. "Em alguns casos, mudanças ou ênfases são dadas por causa da necessidade fisiológica de algum cantor, por exemplo." Petri ressalta, no entanto, que não é contrário a tradições. "Mas é preciso entendê-las, saber por que elas existem e, então, mantê-las ou não." O projeto desta Traviata precisou ser mudado nos últimos dias. A princípio, a ópera seria encenada por Jorge Takla, mas a demora na liberação de verbas fez com que cenários e figurinos não ficassem prontos. "Eu tinha duas opções, cancelar tudo ou aproveitar o elenco e dar continuidade ao projeto, em versão de concerto", conta Petri. O projeto mudou de perfil, mas a essência parece estar lá. A possibilidade de encená-la, no entanto, não foi descartada, ainda mais com a reinauguração, no ano que vem, do Coliseu, arena com 1.800 lugares adequada a apresentações de óperas. Mudanças à parte, a integração dos artistas - que já trabalharam juntos em outras ocasiões - é um dos destaques do espetáculo. "É uma química que deu certo, toda a conversa sobre a produção, a música, flui bem, e não são necessárias grandes discussões, estão todos voltados, de certa forma, para o mesmo lado", diz Petri. O elenco é completado por Magda Painno, Sebastião Teixeira, Sandra Félix, Márcio Martins, Paulo Queirós e Eduardo Paniza.

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