O frescor das canções, da voz e da despretensão de Bernoldi conquista aparentemente sem esforço, como um churrasco entre amigos sob as árvores de uma praça. A batida funky de Árvores, a levada brega reggae de Kingston, a clichezada de Festa Latina, a ironia facebuquiana de Pay Per View: nada reinvindica originalidade, mas tudo tem presença, espírito, cor.
Bernoldi parece reatar com trajetórias perdidas & solitárias da MPB que se vitaminou sozinha, longe dos grupos e dos movimentos. Tipo Arnaldo Brandão, o cantor mineiro Affonsinho ou Dulce Quental, por exemplo. Sem pagar pau para nenhum totem, ele consegue conversar com todos, de Caetano a Milton, de Beto Guedes a João Gilberto.
Paulistano criado em Taubaté, formado em design, ele foi cantor de barzinho e revela que foi seduzido pela música brasileira desde criança – o que é evidente, todos fomos. Mas é no leque de influências confessas, que vai de Vandré a Novos Baianos, que está alguma diferença – Novos Baianos não aparece nem de longe, mas até que Vandré dá as caras.
Curumin deu uma força e vai tocar na estreia. O bom humor também ajudou. E assim saiu Sombras Coloridas, que é seu disco de estreia. A produção é de Filipe Gomes (baterista da banda Aláfia) e Gustavo Mendes, que também fez a mixagem (no Movido Estúdio, em São Paulo). No dia 23, próxima quinta-feira, às 22h, ele apresenta o trabalho no Centro Cultural Rio Verde (Rua Belmiro Braga, 119, São Paulo).
O cantor também liberou a audição de suas faixas no Soundcloud. Ouça: