"Velhos" brilham na segunda etapa do Festival

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Por Agencia Estado
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Show, de Luiz Tatit e Fábio Tagliaferri, interpretada por Ná Ozetti, Eu Só Quero Beber Água , de Moacyr Luz e Morte no Escadão, de José Carlos Guerreiro, apresentada pela banda mineira Tianastácia foram as três canções selecionadas nesta segunda eliminatória do Festival da Música Brasileira. Seus compositores ganharam o direito de participar da grande final, que ocorre dia 16 de setembro, ao lado dos selecionados da semana passada - Fernando Chuí (Tubaína), Beto Furquim (Estrela da Manhã) e Rafael Altério e Kleber Albuquerque (Xi, de Pirituba a Santo André). As escolhas confirmam o que já estava quase explícito desde a semana passada: são poucos os novos talentos da música brasileira (talvez sejam muitos, mas neste festival eles ainda não deram as caras). A escolha de Tagliaferri, Tatit e Moacyr Luz, veteranos compositores, confirma que ainda são os "velhos" que contribuem, em estética e sonoridade, ao universo de nossa MPB. Duas belas músicas eles apresentaram. Show, com arranjo de Jaques Morelenbaum e interpretação de Ná Ozetti, mistura a cadência do bolero, com arranjos de big band e letra inteligente. Uma música muito superior às outras apresentadas. Eu Só Quero Beber Água, de Luz, defendida com presença das Pastoras da Portela, colocou todo mundo para dançar. Trata-se de um jongo, ritmo precursor do samba, bem na característica de Moacyr. Um compositor que dispensa apresentações, que escreveu mais de 140 canções em sua carreira, e que foi gravado pelos principais intérpretes brasileiros. Morte no Escadão, de José Carlos Guerreiro, também não tem nada de novo. Pelo contrário. Foi composta há 24 anos. Mesmo que a letra aborde um assunto atual, a violência nas grandes metrópoles, os conceitos que nela imperam são tipicamente dos anos 70. A roupagem pop rock da banda Tianastácia foi insuficiente para esconder as características de rock rural, com sabor de Sá & Guarabira, da canção. Numa etapa que primou pelo baixo nível, muito pouco se salvou. Das canções que não foram selecionadas, apenas o samba Tempestade e Calmaria, de Pedro Holanda, defendido pela neta de Vinícius de Moraes, Mariana de Moraes, valeu a pena. No restante, tiros de espingarda para todos os lados. De baião eletrônico a heavy metal, passando por baladas românticas de gosto duvidoso. Reitera-se com esta etapa - não desmerecendo aqui a importância do evento como difusor de cultura - que a Globo, se pretende continuar com o festival em anos seguintes, precisará fazer algumas reformas tanto na estrutura do programa quanto na organização e seleção musical. Se o intuito é realmente revelar novos talentos, o alvo não está sendo atingido. No entanto, as mudanças em relação a semana passada surtiram um pouco de efeito. Maria Paula saiu-se bem entrevistando o público. Destaque para quando desceu ao fosso do Credicard Hall e falou com os músicos de orquestra que executam - com maestria - os arranjos escritos pelos concorrentes (ou por algum grande maestro da música brasileira). Renata Ceribelli, no entanto, parece não ser a pessoa certa para este programa. Suas perguntas nos bastidores se limitavam a: "Você vai chorar? Quem chorará desta vez?". Serginho Groismann esteve mais solto. Fez leituras das composições e gaguejou menos. Já está se acostumando com o ambiente da Globo. O show de encerramento, que reuniu Skank e Jorge Benjor foi nada além do esperado. Tocaram cada qual três músicas. No final, encerraram juntos com Fio Maravilha (Filho Maravilha) e amenizaram o clima para, então, serem anunciados os finalistas. Nada de ansiedade para a etapa da semana que vem. As cartas já estão, há tempos, marcadas. Uma pena.

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