Uma única inédita no novo CD do "Rei"

Roberto Carlos, impossibilitado por razões emocionais de gravar um novo álbum original, lança um CD que registra um show gravado ao vivo no Aterro do Flamengo, em novembro

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Por Agencia Estado
Atualização:

A cada ano que passa Roberto Carlos se torna um sujeito mais imprevisível para a indústria fonográfica. Seu novo disco, que leva o surpreendente título de Roberto Carlos (Sony Music) chegou ontem às lojas - uma cadeia de lojas de discos, por conta de um acordo especial, já o tinha recebido e vendia com promoção um dia antes de chegar ao departamento de divulgação de sua gravadora. O cantor segurou tudo até a última hora e quase que o Natal fica apenas com o peru e as castanhas esse ano, sem o CD do Brasa. Depois do sucesso - e da qualidade - do seu Acústico MTV (que já vendeu 1,8 milhão de cópias e também era um registro de dois shows ao vivo nos estúdios da Globo, em Jacarepaguá), esse disco chega para mostrar que é possível andar drasticamente para trás num espaço de menos de um ano. Roberto Carlos, impossibilitado por razões emocionais de gravar um novo álbum original, lança um CD que registra um show gravado ao vivo no Aterro do Flamengo, em novembro deste ano. Só há uma canção inédita no álbum, um meio rap chamado Seres Humanos - que ele, como de hábito, lançou no domingo no Fantástico, depois de uma desconjuntada entrevista com Glória Maria. Roberto, quando pensa em se modernizar, faz isso com tanta parcimônia que parece quase envergonhado. O seu rap é democrata-cristão, conformista, completamente o avesso da natureza contestatória do gênero. Mas sua musicalidade está acima de qualquer suspeita, e o single já vai se tornando um grande sucesso da temporada. Seres Humanos (parceria com o velho amigo Erasmo Carlos) brada contra o pessimismo, contra a idéia de que o homem é falho e inábil para lidar com os problemas do planeta. Roberto não deve dar uma olhada no noticiário há um bom tempo. Que tal olhar as coisas que a gente tem conseguido? E o mundo hoje é bem melhor/ Do que há muito tempo atrás, canta o Brasa. E ele também se deixa aliciar pela nação eletrônica, incluindo no álbum remixes de Calhambeque , produzido por Xerxes, e Se Você Pensa, produzida pelo DJ Memê. O resto do disco ele se faz acompanhar por sua banda de turnê, a RC9, e o resultado em muito lembra o álbum da MTV, mas sem a sofisticação e os arranjos deste último. Havia um projeto de se fazer um CD de clássicos remixados do cantor, com sua anuência e que se chamaria Reimixes mas tudo que requer autorização do músico é meio complicado. Assim, o fã do Rei vai ter que se contentar com essas duas amostras do que poderia ser. O paulista Xerxes de Oliveira (ex-Friendtronik), pioneiro do jungle brasileiro, é um produtor habilidoso e já muito festejado em São Paulo. O carioca Marcelo Memê é do pop: já trabalhou com Gabriel o Pensador e Lulu Santos. Um show de Roberto Carlos é um rito conhecido, antigo e simpático, com todas as surpresas ensaiadas de sempre e todos seus clássicos. Mas Roberto se repete no repertório, que poderia ser ampliado com canções menos executadas de sua lavra. Assim, assistimos a um desfile de hits que já estavam no Acústico MTV, como Emoções, Amor sem Limite, Jesus Cristo, Parei na Contramão e Eu te amo tanto - segundo ele, a grande música de sua vida, dedicada à mulher perdida, Maria Rita. O cantor exagera: Força Estranha, de Caetano Veloso, feita para homenageá-lo, é lindíssima e está no disco. Cantor brasileiro de maior domínio sobre a voz, o mais melódico e popular dos artistas da canção, Roberto é imbatível em suas músicas de amor mais épicas, exemplo de Como É Grande o Meu Amor por Você. Mas suas escolhas, que parecem feitas em uma espécie de sorteio místico, deram um ar de pressa e desleixo a esse disco. Serviço - Roberto Carlos. Novo CD. Lançamento Sony Music. Preço de promoção: R$ 23,50

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