Uakti mapeia ritmos nacionais em novo álbum

Em Oiapok Xui, o grupo mineiro utiliza ritmos representativos do Brasil e traz variações de canções como Águas de Março

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Por Agencia Estado
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Depois de realizar trabalhos baseados nos textos milenares do I Ching e na obra universal de Ravel, Debussy e Tchaikovsky, o grupo mineiro Uakti volta-se agora para alguns dos ritmos mais representativos do território nacional no álbum Oiapok Xui. O disco e a turnê, que o grupo inicia nesta terça-feira com três apresentações no Teatro do Sesc Pinheiros, em São Paulo, foram patrocinados pelo projeto Natura Musical. Entre as 12 faixas do CD há quatro variações sobre Águas de Março, de Tom Jobim, e temas originais de Marco Antônio Guimarães compostos sobre obras do folclore, à moda de Villa-Lobos que ele homenageia na inédita, belíssima e triste Valsinha de Vila. Por incrível que possa parecer, até Aquarela do Brasil, clássico de Ary Barroso, universalmente consagrado e recriado à exaustão, ressurge em interpretação original, peculiar. Além do trilá e do tri-mi, dois novos instrumentos - como os demais inventados por Guimarães, mentor do grupo, que já não se apresenta mais no palco -, o Uakti traz pela primeira vez em seus discos uma faixa cantada. Trata-se de Cravo e Canela (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos), que ganhou o vocal de Samuel Rosa, do Skank, com quem o Uakti também gravou antes. Nos shows, ela será apresentada em versão instrumental. O disco também tem a participação da percussionista Daniela Ramos e de Kristoff Silva, expoente talentoso da nova geração mineira, que aqui aparece só tocando violão em Cavalo Marinho/Bumba-Meu-Boi. "O Uakti nasceu de muita influência da música universal e mesmo num disco brasileiro continua aberto a isso. Transpõe a questão da identidade nacional", diz Paulo Sérgio dos Santos. O projeto Oiapok Xui, nome de sonoridade indígena, surgiu de um mapeamento de 42 ritmos brasileiros feitos pelo percussionista Edgar Rocca. O Uakti selecionou e fundiu alguns, colocando sua assinatura sobre eles. Apesar de utilizar em menor escala instrumentos eletromecânicos, o Uakti anda na contramão da eletrônica. Curiosamente, alguns de seus instrumentos mais característicos como o grande pan, a trilobita e o pan inclinado (presentes na Variação IV de Águas de Março) às vezes são confundidos com sons eletrônicos. "Só que são todos acústicos", afirma Santos. Uakti - Sesc Pinheiros. Teatro (1.010 lugares). R. Paes Leme, 195, Pinheiros, 3095-9400. Terça, quarta e quinta, 21h. R$ 10 a R$ 20

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