T.S. Monk abre edição 2002 do Diners Jazz

Baterista filho do lendário pianista Thelonious Monk retorna ao País com seu estilo expansivo e vibrante para inaugurar nesta terça a série Diners deste ano

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Por Agencia Estado
Atualização:

O baterista (e, às vezes, cantor) T.S. Monk iria hoje ao Morumbi, na zona sul de São Paulo, ver uma apresentação de percussão dos Meninos do Morumbi, um grupo de crianças carentes da zona sul de São Paulo. Fã desde garoto da música de Tom Jobim, Edu Lobo, Milton Nascimento, Flora Purim, Airto Moreira e Sivuca, ele intensifica os laços musicais com a terra que aprendeu a conhecer por intermédio dos gostos do pai, o lendário pianista Thelonious Monk. "Eu não tinha idéia do tamanho desse país", disse à reportagem. "Sua música faz muito mais sentido para mim agora." T.S. Monk é o convidado para a abertura da série Diners Jazz, amanhã à noite, no Bourbon Street. De estilo expansivo, adicionando muita vibração ao seu ritmo, Monk veio pela primeira vez ao Brasil no ano passado, na edição brasileira do Montreux Jazz Festival, no mesmo Bourbon Street. Gostou e está de volta, ainda com o mesmo sexteto da última vez - Bobby Porcelli (sax alto), Willie Williams (sax tenor), Winston Byrd (trumpete), Ray Gallon (piano) e David Jackson Jr. (contrabaixo). Houve apenas uma substituição no time, entrando David Jackson Jr. no lugar de Gary Wang, no contrabaixo. "Mesclarei composições do meu pai com músicas dos meus dois discos, Monk on Monk e Higher Ground", avisou o baterista, sobre seu repertório no show desta noite. O álbum mais recente, Higher Ground (já independente, lançado pelo selo Thelonious Records), é a novidade para os fãs do baterista. Neste álbum, Monk está soando suave e entusiasmado, em faixas como Ladera Heights, e ousado e marcial em outras, como Millenium Dance. A banda é fenomenal, com destaque para o piano de Ray Gallon e o trumpete de Winston Byrd. Gallon, veterano jazzista, tocou ao longo de uma carreira de 50 anos com Ron Carter, Art Farmer, Lionel Hampton (pode ser ouvido no disco Cooking in the Kitchen) e George Adams (com quem gravou o álbum That Old Feeling), entre outros. Sensibilidade - Mas Monk tem especial predileção é pelo seu saxofonista, o ítalo-americano Bobby Porcelli, que tocou com Tito Puente, Eddie Palmieri e Ray Barretto, entre outros. Porcelli tocava também com o grupo The Bronx Horns, ao lado de Ray Vega e Mitch Frohman (todos homens de Puente), esmerando-se em ritmos latinos, como mambo, cha-cha-cha e jazz latino. "Ele é a chave do som da minha banda, tem uma sonoridade que evoca Charlie Parker, Cannonball Adderley e Ornette Colleman, mas ao mesmo tempo ele não soa como nenhum outro", considera Monk. "Muitos músicos latinos têm um grande som, mas não têm em geral sua sensibilidade e articulação." Já o outro saxofonista, Willie Williams, é das hostes do jazz mais moderno, e tem tocado com gente como os pianistas Jacky Terrason e Cyrus Chestnut e participou da gravação de Play What You Feel, com a Clifford Jordan Big Band, em 1997. Para T.S. Monk, não é bom negócio mudar constantemente de banda no jazz, porque isso afeta a sonoridade de algumas músicas. "Manter um conjunto é, além de garantir certa estabilidade emocional, fazer com que a turnê seja economicamente viável", ele afirma. No seu espetáculo, Monk toca Monk como uma legítima festa bop, esmerando-se em pérolas como Think of One, Crepuscule with Nellie e Highest Montain, entre outros standards. Para parte da crítica, o estilo de Monk Filho tem muito em comum com o de Kenny "Klook" Clarke (1914-1985), gigante baterista do bebop que acompanhou Monk Pai e Dizzy Gillespie nos anos 40. T.S. Monk. Terça e quarta, às 22 horas. De R$ 65,00 a R$ 120,00 (couv. art.). Bourbon Street Music Club. Rua dos Chanés, 127, tel. (11) 5561-1643. Patrocínio: Diners Club International.

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