Trip hop tenta se reinventar para o novo milênio

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Por Agencia Estado
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O gênero antigamente conhecido como trip hop prepara seu novo ataque. Os dois maiores grupos que caracterizaram a mistura de beats lentos e ruídos lúgubres, o Massive Attack e o Portishead, trabalham em novos álbuns que devem se caracterizar pela procura de novas direções sonoras, onde ficam para trás as lamúrias e o lado sombrio mas não a personalidade. O Massive Attack, reduzido a uma dupla formada por Robert "3-D" Del Naja e Grant "Daddy G" Marshall, começa a mostrar a cara no pop depois de mais de um ano de reclusão, um período em que o termo "trip hop" passou a causar arrepios generalizados. A proliferação de clones e o desgaste das misturas eletrônicas enterraram o caráter de novidade do gênero, tornando o futuro das duas bandas incerto. Del Naja e Marshall voltaram no fim do ano com uma faixa distribuída na Internet (The Nature of the Threat) e aparecem agora com um remix da música 3 Libras, do Perfect Circle. Eles também assinam um trecho da trilha sonora do filme Snatch, de Guy Ritchie (o Sr. Madonna), que estréia na semana que vem nos Estados Unidos. A trilha sonora do filme não traz a faixa, mas inclui Angel, do disco Mezzanine. De acordo com informações postadas no site oficial do grupo (http://www.massiveattack.co.uk), o trabalho para o que deve ser o quarto disco deles já está adiantado. O álbum deve novamente trazer vocais de Liz Fraser (do Cocteau Twins) e Horace Andy, que apareceu em todos os discos do Massive Attack. "Sou um grande fã de Mezzanine, mas acho que ele ficou um pouco igual o tempo todo", diz Del Naja no site. "Este trabalho vai ter muito mais altos e baixos." O clima entre os músicos também parece estar melhor, desde a saída de Mushroom. "Estamos trabalhando de uma maneira muito mais relaxada, sem ter de se preocupar em apenas chegar até o fim do dia sem brigar." Paralelamente, o Portishead também resolveu adotar nova atitude e atmosfera para trabalhar em seu terceiro álbum. Geoff Barrow, Beth Gibbons e Adrian Utley estão atualmente gravando em um estúdio na Austrália, depois de um período "em que todos estavam cheios do Portishead". "No final da última turnê estavamos todos cansados e não agüentávamos mais a banda", disse Utley recentemente ao site Bristolsound.co.uk. O trio fez shows pelos Estados Unidos e Europa para promover o disco Live in NYC, gravado em Nova York em 1997 com a participação de uma orquestra de 40 músicos. A idéia de passar uma temporada na Austrália deve servir para tornar a sonoridade da banda "mais ensolarada". "Da última vez, trabalhamos no estúdio Ridge Farm, na Inglaterra, o que custou muito caro e acabamos não usando nem um centésimo das possibilidades", disse Utley. "Aí, resolvemos ir para outros lugares e decidimos que deveria ser quente e bacana." Outra diferença é que o Portishead está disposto a trabalhar mais rápido do que nas outras vezes. "O último álbum demorou dois anos para ficar pronto", diz o músico. Eles esperam lançar o disco em novembro. Quanto à sonoridade, eles dizem ainda não saber exatamente a direção que vai tomar. "Não trabalhamos juntos há um bom tempo, temos que ver o que acontece".

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