Tom Zé volta com "Faça Você Mesmo"

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Por Agencia Estado
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David Byrne não se conteve de novo. Ao ouvir em primeira mão as gravações que o amigo baiano Tom Zé preparava para um novo disco, sentou-se, ligou o computador e, de Londres, mandou a mensagem: "Só espero que as pessoas aí no Brasil saibam valorizar a música que você está fazendo". O material que fascinou o compositor inglês pela segunda vez - na primeira ele decidiu "raptar" Tom Zé para exibir seu talento nos EUA - está saindo do forno da gravadora Trama. Ainda embalado pela repercussão do impactante Com Defeito de Fabricação, lançado no Brasil em abril de 99, o tropicalista ataca de novo. Jogos de Armar - Faça Você Mesmo reafirma a proposta "música para ouvir e pensar" que Tom Zé decidiu bancar desde os anos 70. O disco, que chega às lojas nas próximas semanas, não é um álbum duplo (conforme aviso na capa), mas vem acompanhado de um segundo CD, intitulado Cartilha de Parceiros. Neste, cada faixa poderá ser modificada por DJs e produtores que decidirem remixar o trabalho. O retorno aos palcos para lançamento será quarta-feira, no DirecTV Music Hall. Um grupo ampliado e reforçado por dançarinos reflete a intenção de Tom em aderir a produções maiores. Instrumentos dos mais inusitados, idealizados pelo cantor há duas décadas, são usados em disco pela primeira vez. Chamados de "instromzémentos", ora são incorporados a arranjos convencionais, ora colocados em primeiro plano. "Para poder construí-los, o Tom chegou a vender uma casa há uns 20 anos. Muitos deles estavam perdidos, alguns viraram lenha", conta Neusa, mulher do músico. Ela lembra ainda que, graças à gravadora, foi possível reconstruir os objetos. "Conseguimos recuperá-los. Infelizmente, é um assunto importante que muita gente não presta atenção", diz Neusa, zangada com a imprensa por não tratar do assunto. Uma espécie de avô do sampler, batizado como orquestra de herz, reaparece das cinzas no novo trabalho. "Os jornais chamaram este instrumento de ´o sampler brasileiro´. Eu o fabriquei em 78", explica o músico em um texto distribuído à imprensa. De seu arsenal, ressurgem ainda o enceroscópio, feito com enceradeira, aspirador de pó, liquidificador e a serroteria, elaborado com canos de madeira e PVC. Das 14 faixas, apenas quatro são regravações. Jimi Renda-se, registrada em seu segundo LP, lançado em 1970, foi refeita com um gênero musical novo, criado e batizado por Tom de maracapoeira. Em certo momento, ela é aglutinada à canção Moeda Falsa. Releituras aparecem também para o baião Asa Branca e o xote Pisa na Fulô, que Tom Zé já fazia em seus shows.

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